segunda-feira, 5 de março de 2012

O gajo e os Outros

Este artigo contextualiza-se na Crítica da Literatura Moçambicana e o seu objecto de estudo é A Figura do Outro como Drogado, em O Gajo e os Outros, de Aníbal Aleluia. Temos vindo a analisar, na ‘novela’ póstuma do escritor moçambicano Henrique Aníbal Aleluia (1921 - 1993), o Outro como Adúltero, como Libertino e, nesta edição, escolhemos o Outro como Drogado. Entretanto, o Outro pratica todas as suas acções sob o efeito de drogas, tornando-o drogado, na obra em pauta, e isto é o motivo do conflito entre o Eu e o Outro, por isso o nosso interesse para o percurso da realização desta crítica literária.
As discussões que, efectivamente, trazemos, enlaçam o literário ao social, onde a figura do Outro Drogado, uma personagem social, se processa na obra literária.
No primeiro capítulo, tecem-se considerações introdutórias que objectam a pesquisa e enquadram o artigo do ponto de vista da motivação e dos limites da investigação; o segundo capítulo subsidia teoricamente a literatura de base com relação a droga, o  drogado e outros; o terceiro analisa a Figura do Outro como Drogado na permanente discussão entre Eu e Outro; o quarto é a conclusão que resume o percurso do Outro Drogado, recomenda aos leitores sobre o valor que se deve conferir à crítica literária e, para fechar, a indicação das referências bibliográficas.
Em súmula, o Outro Drogado de O Gajo e os Outros é uma figura que consome drogas de várias espécies para animar o seu espírito em prejuízo da sã convivência social.
2. Subsídio teórico sobre o Outro Drogado
No âmbito da figura do Outro encarnado no drogado, contamos com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS): “toda a substância natural ou sintética capaz de produzir, em doses variáveis, os fenómenos de libertação psicológica e dependência orgânica” (VIZZOTO: 24) chama-se droga.
As drogas destroçam o indivíduo, físico e mentalmente, mas há algo pior, que se repercute na família: são causa de filhos disformes, subnormais e com mil terras. Isto é um crime enorme.(Ibid. p. 24)
Segundo Dr. Rui H. Dolácio Mendes, o vício das drogas e bebidas são uma das causas da violência que vem preocupando e desaforando toda a sociedade. (MENDES, p. 7)
Para VIZZOLTO, a droga, vista como o agente tóxico, é toda e qualquer substância natural ou sintética que, após ser absolvida por um organismo biológico, provoca ou gera intoxicação.(Salete M., VIZZOLTO. Op. Cit, p. 23)
Esse autor divide as drogas em aquelas que reduzem a actividade mental e em aquelas que a aumentam. As primeiras estreitam a faixa do poder intelectual e reduzem as tensões emocionais. E tem como consequências psicológicas, a negação, a racionalização e projecção; psicose alcoólica; distúrbios de personalidade e paranóia alcoólica. E as segundas produzem o efeito de desorganização das formas psíquicas superiores, a distorção das percepções e a chamada expansão do campo de consciência.(Ibid, p. 30/43)
Noutro ângulo, VIZZOLTO diz: “O jovem que não consome droga é desintegrado do contexto cultural”.(Ibid, p. 47) Os jovens hoje envolvidos por uma nova cultura vêm na droga um símbolo de uma nova geração.
3. A Figura do Outro encarnada no Drogado, em O Gajo e os Outros, de Aníbal Aleluia
Bem - Aventurados os que sofrem, Mateus, 5:10
(Jesus Cristo, Sermão da Montanha)
Neste capítulo pretendemos mostrar que o consumidor de Droga também é á figura do Outro. No entanto, é uma personagem que foi fortemente adjuvada pela mãe, desde criança a sua libertinagem manifestada na fadiga, na violência, era conotada como doença “— Não vês que o miúdo anda doente “(G.O., 19). Assim, a mãe defendia-o. Pois, todo o discurso da página 20 da obra em análise justifica os desmandos do Heitor, mas com o lado “quente” da mãe.

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