sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Essa história está diferente

Image result for mia couto e chico buarqueO escritor moçambicano Mia Couto afirmou esta quinta-feira (10) que vai contactar outros vencedores do Prémio Camões para tomarem uma posição conjunta contra a indicação do Presidente brasileiro Bolsonaro de que poderá não assinar o diploma do prémio a Chico Buarque. O escritor moçambicano, vencedor do Prémio Camões em 2013, disse que mal tomou conhecimento das declarações de Jair Bolsonaro, foi imediatamente assaltado pela vontade de tomar uma atitude.
Na quarta-feira, o Presidente brasileiro deu a entender que não assinará o diploma do Prémio Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, afirmando aos jornalistas que assinaria «até 31 de dezembro de 2026», data que remete para o final de um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022.
Image result for premio camõesEm resposta, Chico Buarque afirmou que uma eventual não assinatura de Bolsonaro do diploma era para ele «um segundo Prémio Camões».
Comentando o sucedido, Mia Couto começou por «saudar» a resposta do músico e escritor, considerando-a «genial», afirmando de seguida a sua intenção de contactar os «colegas que foram Prémio Camões» para fazerem uma «declaração conjunta contra a imbecilidade desse tipo de atitude».
 «Soube hoje [desse episódio], e a minha ideia é - como eu não posso fazer isso sozinho - pedir ao secretariado do Prémio Camões que me dê os contactos das pessoas de maneira que a gente tenha uma postura conjunta». A justificação do escritor é não só a «ligação muito particular» que tem com Chico Buarque, mas sobretudo o sentir que «é o Prémio Camões que está a ser agredido, a liberdade de criar».  «Ficarmos calados seria uma coisa inaceitável, por isso vou telefonar a saber se o secretariado do Prémio Camões me pode ajudar a contactar, e fazermos um manifesto conjunto contra isso», reiterou. 
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A este propósito, Mia Couto lamentou a situação política e cultural vivida atualmente no Brasil, país de onde regressou recentemente e onde foi distinguido com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. «Eu venho do Brasil e venho muito preocupado com essa subida de tom do lado autoritário da censura, a maneira como os livros estão a ser retirados das escolas, uma coisa completamente anti-ética. Não é só o Bolsonaro, estava ali um Brasil fabricado pela igrejas evangélicas, de que não dávamos conta», afirmou à Lusa.


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Formam-se em música





Aos três jovens músicos projectados pela iniciativa da Associação Kulungwana, as bolsas foram atribuídas no âmbito do projecto PROCULTURA, financiado pela União Europeia, co-financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Camões, IP (gestor do projecto), depois de terem sidos aprovados em alguns testes. Segundo entende a Directora-Artística do Xiquitsi, a atribuição das bolsas para os três alunos “é mais uma prova dos resultados de que estamos no bom caminho, é mais uma prova de que o Xiquitsi veio para mudar o cenário musical moçambicano e para isso vamos continuar a lutar, trabalhar com estes e outros alunos que estão a crescer musicalmente dia após dia”, afirmou Kika Materula numa nota de imprensa do projecto que dirige.
Related imageE Materula não se ficou por aí: “esta é também mais uma forma para que os nossos patrocinadores, aqueles que nos apoiam, possam ver e orgulhar-se do investimento que tem vindo a fazer desde 2013, aquando da fundação deste projecto, um dos mais novos de Moçambique”.
Florêncio Manhique, Kledy Alfainho e Márcia Massicame beneficiaram-se das bolsas da PROCULTURA, uma acção do Programa indicativo Multianual PALOP – Timor-Leste e União Europeia. Esta acção é enquadrada pelos princípios do consenso Europeu em matéria de desenvolvimento (O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro), nomeadamente, pelo reconhecimento de que a cultura favorece “a inclusão social, a liberdade de expressão, a formação da identidade, o empoderamento civil e a prevenção de conflitos” e pela intenção da União Europeia e de seus Estados membros de fomentar a Economia e as políticas culturais quando estas contribuem para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Resultado de imagem para Florêncio ManhiqueDe acordo com os três alunos, as bolsas que acabam de adquirir vão permitir-lhes aprofundar os seus estudos, num país com muita qualidade e tradição no que concerne ao ensino de música e artes em geral. Márcia Massicame espera desenvolver habilidades até aqui apreendidas no projecto Xiquitsi. Para a jovem cantora erudita, Portugal é um país com elevado nível curricular.
Por isso mesmo: “acredito que irei desenvolver melhor a nível técnico profissional”, afirma a cantora na nota do Xiquitsi.
Quanto a Kledy Alfainho, há algum tempo que aguardava por uma oportunidade desta natureza, de ir estudar para o estrangeiro, pois, segundo entende a instrumentista que toca viola de arco, seria muito mais difícil elevar o seu nível de conhecimento musical em Moçambique.
Por fim, Florêncio Manhique deseja crescer como instrumentista em Portugal. “Vou para um país onde a música clássica é parte da cultura do povo. Penso que isso irá influenciar muito no meu aprendizado e na minha formação”.
Florêncio Manhique nasceu 1990. Este ano, actuou como solista na Temporada de Música Clássica de Maputo (1ª Série). Através do Xiquitsi participou em vários festivais como o Stellenbosch International Chambre Music Festival (África do Sul), Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu (Portugal). Estagiou na Orquestra do Projecto Neojiba (Brasil) e participou no Festival Regional do ISCED (Brasil). Foi 2º lugar no Prémio Melhor Aluno do Projecto Xiquitsi (2017), onde dois anos antes começou a leccionar violoncelo como monitor. O instrumento que toca é violoncelo.
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Kledy Alfainho nasceu em 1993. No âmbito do projecto Xiquitsi, participou em vários festivais em Portugal e África do Sul. Esteve no SICOF (Seoul International Comunity Orchestra Festival), na Coreia do Sul, como membro da SICO 2017 (Seoul International Comunity Orchestra), seleccionada em concurso internacional. É membro e co-fundadora do quarteto de cordas Acapella, que tem feito actuações em eventos públicos, privados, incluindo eventos do Estado.
Márcia Massicame nasceu em 1995. Integrou o projecto Xiquitsi em 2014, onde dois anos depois exerceu a função de monitora. Tem experiência em Trabalho com Coro Xiquitsi e já interpretou várias peças como Coro dos Escravos Hebreus de Verdi, Ave verum, e Adiemus de Karl Jekins, Halleluia de Handel, Cantique de Jean Racine. Participou na Temporada do Xiquitsi 2019 e fez o Papel de Opinião Pública na ópera Órfeu nos Infernos de Jacques Offenbach. No Xiquitsi actua como soprano.