terça-feira, 19 de dezembro de 2017

“Kumallemo"

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Algumas destacadas obras do artista zambeziano, Kumallemo e outros 39 conceituados artistas plásticos de Moçambique estão numa exposição colectiva, inaugurada na última sexta-feira, 15 de Dezembro, na Galeria Orígenes del Gran Teatro, em Havana. Esta exposição surge no âmbito da expressão de amizade entre os dois povos que mantêm laços históricos de fraternidade.
Imagem relacionadaSegundo Kumallemo(de Chapéu), esta constitui uma das maiores surpresas que teve na sua carreira artística no corrente ano. As obras plásticas em exposição abordam o quotidiano das pessoas. A mesma fonte refere que esta exposição alavanca a promoção das artes para o mundo, e neste momento se encontra reforçado com a repercursão excelente do seu trabalho nestas exposições, que para além de Cuba, estão expostas também no Museu de Arte e Casa em Maputo.
A página oficial do Fundo Cubano de Bens Culturais, escreve que a exposição "Arte moçambicana em Cuba" oferece um panorama de manifestações como pintura, escultura, fotografia, cerâmica, gravura bem como a presença, pela primeira vez em Cuba, do trabalho de Malangatana Ngwenya, um artista de grande reconhecimento no campo das artes visuais em Moçambique, que faleceu em 2011.

Resultado de imagem para Miguel Costa MkaimaDe acordo com Miguel Costa Mkaima, Embaixador de Moçambique em Cuba, a exposição faz parte de um acordo assinado entre o Ministro da Cultura e Turismo, Silva Armando Dunduro, e o Ministro da Cultura cubano, Abel Prieto Jiménez.
Resultado de imagem para Abel Prieto Jiménez.
Sobre a relevância desta exposição Mkaima disse: "as artes plásticas carregam consigo as expressões mais profundas dos povos: liberdade, luta, alegria; Eles servem para mostrar aos cubanos como os moçambicanos vivem, pensam e organizam e constituem uma ponte cultural, não teórica, mas prática e visível''.

Desta forma, Moçambique e Cuba continuarão a estabelecer ligações de amizade através de uma das mais belas expressões humanas: a arte.


Supero os problemas, cantando

O efeito moralizante da música é uma realidade que muito interessa Assa Matusse, cantora que deu seus primeiros passos nos concursos da Stv. Falando sobre o seu CD de estreia, + Eu, a artista assume, nesta entrevista, que canta para exaltar a necessidade de se ser optimista e para se tornar parte da solução dos problemas que afectam as pessoas.   

+ Eu é o título de uma música sua, que intitula o seu CD de estreia. Que sentimentos seus esta música e este álbum traduzem?
Resultado de imagem para Assa MatusseTraduzem sentimentos ligados à necessidade de sermos optimistas, com capacidade de investirmos na superação dos nossos próprios problemas. Pensei na música que dá título ao CD quando tinha por aí 16 anos. Na altura, estava numa casa de pastos, onde também se encontrava uma moça que hoje também canta. Não vou dizer o nome, mas lembro-me que o tio dela magoou-me muito quando me disse que a sobrinha dele cantava melhor do que eu. O que mais me afectou foi a forma como ele me disse. De tão chocada que fiquei, no dia seguinte, fiz esta música. E, hoje, este álbum é uma das minhas grandes conquistas.
 É daquele tipo artista que faz das circunstâncias negativas uma razão para alcançar novas metas?
Com certeza. Por exemplo, neste CD, tenho músicas que escrevi quando estava na Noruega, num contexto que me sentia triste e com saudade de casa. Por exemplo, por causa das dificuldades que nos acontecem quando estamos no estrangeiro, escrevi “Phenomenal Woman”, afinal, apesar de tudo, eu estava lá e, a minha maneira, consegui representar bem o nome do meu país.
 E acha que é uma mulher fenomenal?
Pode parecer um cliché, mas acredito que sim, e todas as mulheres também são. “Phenomenal Woman” não é apenas Assa Matusse, mas são as mulheres batalhadoras.
 Assume que existe uma relação estreita entre si e as estórias cantadas no CD?
Sim, porque sempre tive esta mania de falar de mim nas minhas músicas, das coisas que eu vivo ou presenciei. É algo automático, tanto que, quem me conhece, quando ouve as músicas, consegue saber de que situações me refiro.
 Uma das músicas que mais lhe marca no CD é a segunda. O que significa para si ser “Menina do bairro”?
Não é fácil, porque algumas oportunidades lá não chegam. Costumo dizer que no bairro ou tu morres ou tu vives. E, a ideia de morrer, aqui, é no sentido de, estando-se vivo, não se goza a vida com a qual se sonha. Já que as coisas no bairro não são fáceis, há muitas coisas que nos aliciam rumo à procura de um mundo das maravilhas.
 Escreveu a música a pensar num bairro em particular?
Sim, escrevi a pensar no bairro de Mavalane “A”. A música é especial por isso, porque, além de falar de mim, fala do meu bairro também. Eu acredito que as pessoas de Mavalane, quando ouvem esta música, identificam-se, porque o que eu vivi tantos outros viveram.
Resultado de imagem para Assa Matusse Preocupa-lhe a ideia de pensar, não apenas nos problemas de um bairro isolado, mas de um país inteiro, por via da música?   
Com certeza. Nós temos de passar a informação. Mesmo que se diga que é um cliché, devemos informar e eliminar as barreiras que a sociedade, no caso das mulheres, impõe. Aliás, eu própria sou alvo de preconceitos desta sociedade que escolhe o que devemos ou não fazer. Mas eu não cedo a esses atritos que, quase sempre, são provocados pelas mulheres, que comandam o mundo.
 Uma das músicas que bem mexe com a emoção neste CD, também pelo carácter pausado e de revolta é “Nitxitxile”. A que se deve essa mudança?
Na verdade, esta música primeiro foi escrita pelo meu pai (Raimundo Matusse, que trabalhou nas minas da África do Sul). Infelizmente, ele não a levou além porque, como digo, não resistiu à pobreza. No tempo dele, era muito mais difícil viver de música do que hoje. Na versão do meu pai, a letra retrata apenas coisas boas. Por exemplo, ele não retrata sequer o facto de os sul-africanos maltratarem os moçambicanos e gente de outras nacionalidades africanas. Quando refiz a música, achei importante retratar o lado negativo também, trazendo os factos como são, actualizados, escrevendo em changana e em zulu porque, assim, se eles escutarem, vão poder perceber o alcance da mensagem.
 O CD tem um teor moralizante. Por exemplo, a música “Sorria”, que nos diz: “a luta é indispensável”. Vê a vida como obstáculo a ultrapassar?
Esta é uma das músicas que me toca muito ao cantar, mas a letra poderia ter sido bem melhorada. Como foi a primeira música a escrever, apesar do palavreado que não foi bem conseguido, muito ingénuo, tendo conseguido passar a mensagem, resolvi inclui-la no CD. Por exemplo, já não me vejo a dizer “meu irmão” numa música. Mas não me envergonho, apesar de tudo.
 Na mesma música, defende a necessidade do sorriso e temos uma voz que nos diz: “o país precisa de gente activa”. Só um sorriso basta?
Muitas vezes, um sorriso basta. Se estamos tristes, transmitimos energias negativas às pessoas. Um sorriso pode mudar a vida de uma pessoa que, num momento, se encontra bem triste.
Imagem relacionada Há três pessoas a quem agradece neste CD. Seu pai, Júlio Silva e Zé Pires. Sem eles o trajecto musical teria ficado mais difícil?
Graças ao meu pai, que cantava para mim, quando pequena, fui-me interessando pela música. Mas, paradoxalmente, se dependesse dele, hoje eu não estaria na música. Apesar do meu pai gostar da arte, no princípio, foi contra a minha escolha. Eu entendo. Todo pai quer o melhor para o filho e, como não deu certo com ele, julgou que o mesmo poderia acontecer comigo. Júlio Silva puxou muito por mim, quando estava no Tribo Júnior. Ele foi a primeira pessoa que entende de música que me elogiou. E isso marca-nos muito. Zé Pires foi quem financiou o CD e estou muito grata a ele por ter confiado em mim. 
 Quando entrou para o Tribo Júnior da Stv, era nova. Visualizou este horizonte na altura?
De certeza que não. Na altura era mesmo a emoção de estar na tv, cantar e divertir-me quando as pessoas me reconheciam na rua. Quando saí do Tribo Júnior, eu disse para mim mesma que o concurso ainda não havia me dado algo de concreto. Claro que me permitiu, com o prémio, conseguir uns sofás para casa e coisas assim. Eu queria continuar a cantar. Como fazer isso? Entrei para outro concurso da Stv, Super Tardes e, também graças a isso, consegui este CD.
 Quis que este CD purificasse quem escuta por via de lágrimas?
Isto é curioso, porque eu nem sou melancólica, mas, quando se trata de música, as sonoridades desta natureza atraem-me mais. Nada projectado. Não pensei no estilo que canto nem nada disso. Ainda estou em descobertas de mim mesma, a descobrir estilos com os quais me identifico.
Resultado de imagem para Assa Matusse Uma das músicas que mais me interessa neste CD é “Nsinyene”. Como acontece este som?
Inspirei-me numa das músicas de meu pai, na qual temos um sujeito que diz que é órfão. No processo de gravação, apareci com essa melodia e foi muito aplaudida. Já gostei muito desta música, mas acho que há alguns aspectos técnicos que poderiam ter sido melhorados. Neste momento, acho que uma das que mais mexe comigo é a “Crazy”.
  “Carinho de mãe” é uma música que elogia as mães do mundo. É resultado de uma saudade ou é de reconhecimento que se trata?
É mais reconhecimento de tudo que as mães fazem por nós. Quem tem a sua mãe vida (ou não) sabe do que estou a falar.
 Prefiro ouvir-lhe a cantar em línguas bantu do que em português ou inglês. Tem alguma preferência nesse sentido?
Também prefiro ouvir-me a cantar em changana. Descobri isso com o tempo. Antes, queria apenas ser diferente. Mas, mais tarde, percebi que saia melhor quando cantasse em changana.
 É uma questão identitária ou sonora mesmo?
Acho que é sonora. Gosto de ouvir o changana na música. Quanto ao português, apenas canto, mas não me identifico, não é espontâneo e nem é profundo.
Entra para a lista dos que, comoDireStraits, por exemplo, cantaram “Romeu e Julieta”. Há uma explicação?
Resultado de imagem para Assa MatusseEsta música não foi composta por mim. Desde o início, nunca tive vocação para cantar o amor. Sempre me foi difícil. A minha família é reservada e, pela educação que tive, nunca me imaginei sentada a escrever sobre o amor. Por exemplo, acho que até hoje não me sentiria à vontade em cantar esta música em frente ao meu pai. A música foi escrita por Deltino Guerreiro.
 O que mais lhe move, no que à música diz respeito?
Estar em palco é uma coisa que mexe com o corpo e alma toda. É simplesmente fantástico projectar um concerto. Estar em palco é o principal porque lá sinto-me a fazer o que gosto. A interacção com o público é especial.  
 Por que canta, Assa Matusse?
Canto simplesmente porque a música me escolheu.
 Sugestões artísticas para os leitores do jornal O País?
Sugiro Agarra-me o sol por trás, de Tânia Tomé.

Perfil

Assa Matusse nasceu em 1994, na cidade de Maputo. Ainda nova, participou no concurso Tribo Júnior (1°lugar) e Super Tardes (3º lugar), da STV. Participou, igualmente, no UMOJA. Foi Prémio revelação feminina no Ngoma Moçambique 2013 e participou no concurso internacional “The Voice of Pangea”, realizado em Madrid, Espanha, ano passado. + Eu é seu CD de estreia.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Traços

Inês Queme, dançarina moçambicana, participou do festival “Na Dança”, que decorreu na ]ultima semana, no Palacete Tereza Toledo Lara/Casa de Francisca, em São Paulo, no Brasil.
Coube a Inês a missão de dar aula de marrabenta com música ao vivo. A artista descobriu, durante os preparativos para o festival, que o passo básico da marrabenta é quase o mesmo de uma dança tradicional boliviana, que foi o tema da aula de Raissa Oblitas. Além de Inês Queme e da boliviana Raissa Oblitas participaram também o libanês Mohammad Al Jamal, com aula de dabke e outras danças folclóricas de seu país, e o angolano Erme Panzo, que ensinou um pouco de tudo sobre danças bantu. O festival “Na Dança” proporcionou um cardápio eclético de danças, música e celebrou a primavera árabe, africana, latino-americana, grega, balcânica, indiana, espanhola e japonesa.
“Na Dança” reuniu profissionais já estabelecidos no Brasil e recém-chegados para apresentações musicais, aulas-show e aulas de danças étnicas.   
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Os nascidos no Brasil, mas com um trabalho consolidado de pesquisa em danças étnicas também actuaram. Na sexta-feira foi a banda Mawaca, Gervitz, idealizadora do evento, e as bailarinas Cíntia Kawahara (danças do Japão), a espanhola Deborah Nefussi, Mariana Paunova de Bulgária e Sónia Galvão da Índia.

A banda Mutrib, com a participação especial de Vesna Bankovic, cantora lírica da Osesp nascida na Sérvia, que tocou com os professores Mário Jadran, da Croácia, Paulo e Selma Sertek, da Grécia, além de Gervitz. André Trindade e Sónia Galvão ensinaram uma dança balinesa. Após a aula, Galvão, Kawahara e Nefussi farão uma apresentação. Além das aulas, a programação do festival contou com shows musicais de Gabriel Levy, Tomas Howard e Toninho Carrasqueira com participação especial das cantoras Fortuna e Oula Al Saghir e da contadora de histórias Regina Machado, da Orkestra Bandida e da orquestra Mundana Refugi, criada por Carlinhos Antunes com refugiados do mundo todo.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Preto no Branco

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Moçambique perdeu a 11 de Agosto de 2012 um dos seus jornalistas de referência, com a morte de Kon Nam, 72 anos, uma figura dos momentos decisivos da actividade, no país, da época colonial ao multipartidarismo, passando pelo período revolucionário pós-independência.
Resultado de imagem para kok namO trabalho de Kok Nam foi eternizado em um livro. A obra foi publicada pela editora Marimbique. As imagens contam o percurso histórico deste fotojornalista. Mas não é só de fotografias que o livro Preto no Branco é preenchido, existem nele relatos de individualidades que directas ou indirectamente estão ligadas ao percurso do nosso fotógrafo. Delas destacamos Alves Gomes, Calane da Silva, Graça Machel, Luís Cabaço, Luís Bernardo Honwana, Mota Lopes, Nelma Saúte, Patrícia Haye entre outros.Com cerca de 88 páginas, o livro traz a interpretação do trabalho deste fotógrafo que marcou pelo seu trabalho e jeito característico de ser.
“De trato fácil, incrivelmente jovial, cultivando sempre a modéstia e a humildade, os seus colegas e amigos guardam dele um grande sentido de profissionalismo e rigor, a defesa tenaz da integridade e dos princípios”, descreve um comunicado enviado pelo mediacoop no dia da morte de Nam.
O seu acervo fotográfico, espalhado pelos quatro continentes, é um dos mais importantes bancos de imagem disponíveis sobre Moçambique. Gomes é o coordenador do livro, além desta função, a família de Kok lhe deu função: “Sou responsável por preservar o espólio (arquivo de fotografias) de Kok Nam”. Alves Gomes têm de classificar as fotografias e fazer o registo na SOMAS, mas as recordações retardam o seu trabalho. “Sempre que vejo as fotografias, é complicado ele foi para mim um amigo, vem-me recordações, fico horas a reviver aqueles momentos”.
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Para que este espolia existisse, foi vital o papel da Arquivista Narcézia Massango. “Trabalhei na Revista Tempo como Arquivista. Ajudei a conservar boa parte das fotografias de Kok Nom, mas algumas perderam-se com as transformações, mudanças de edifício, que a revista passou”.
Kok Nam é filho de imigrantes camponeses da província chinesa de Cantão. Nasceu em 1939 em Lourenço Marques, actual Maputo. Aos 17 anos iniciou-se como jornalista. Nos anos 1960 passou de órgãos (Diário de Moçambique e Voz Africana) tentavam furar o muro de silêncio colonial. 
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Na década 1970 esteve na fundação da revista Tempo o berço de uma geração de jornalistas inconformistas. Com um currículo invejável, já publicou no Expresso (Portugal) e no "The New York Times" (Estados Unidos da América).
Durante o período revolucionário, «dominado pelo partido único, a Frelimo», permaneceu na “Tempo”. Em 1990, sua casa, foi redigido o manuscrito do documento "O direito do povo à Informação", exigindo a liberdade de imprensa como um direito constitucional.
Em 1991 com os seus colegas Naita Ussene, Fernando Manuel e António Elias (já falecido) criou a Mediacoop, então uma cooperativa, que lançou o diário por fax Mediafax e o semanário Savana, de que era director desde 1994 até a sua morte em 11 de Agosto 2012. Em reconhecimento a sua verticalidade Kok Nam é até hoje director emérito do Semanário Savana.

Para além da facilidade em manejar a máquina fotográfica, Kok Nam tinha outro talento. “O panela, como era chamado, comia que era uma maravilha. Bom cozinheiro, os seus dotes culinário eram uma da sua marca” recorda Calane num tom sorridente. Kok Nam deixou dois filhos, a Ana Michelle e o Nuno Miguel e um legado no fotojornalismo nacional.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

“Caribean Queen”

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O concerto do “Moments of Jazz” e o primeiro do lendário Billy Ocean em Maputo. Será, claramente, o realizar de sonhos de muita gente. Pelo tempo que a publicidade circula nas redes sociais, houve reacções positivas dos que já marcaram no calendário o dia D, ou, se quisermos, o dia B: 22 de Setembro.
Numa entrevista via correio electrónico com Ocean disse estar a preparar este espectáculo com todos os detalhes e não vê a hora de aterrar no solo moçambicano. A vedeta internacional elaborou respostas curtas, mas com o essencial para dar a entender a satisfação de vir ao país. Disse estar a preparar uma grande festa e promete levar consigo todo o colectivo.
O artista está, uma por uma, a seleccionar as suas músicas favoritas. Não só as mais aclamadas, como também aquelas que influenciaram a sua vida e tornaram-lhe esta vedeta mundial que em Setembro será aplaudida por um auditório composto por cerca de cinco mil pessoas, num concerto que se prevê com lotação esgotada.
Imagem relacionadaOcean diz ter a bênção merecida para fazer vibrar os moçambicanos e os demais que irão testemunhar este concerto. E enche-se de orgulho por saber que vai fazer parte de uma iniciativa que já trouxe lendários da música internacional.
“Estou excitado para vir”, disse, traduzido do inglês. Aliás, o seu vídeo de propaganda revela-nos um músico verdadeiramente empolgado em escrever uma linha na sua história aqui na capital moçambicana, cidade que pouco a pouco vai mergulhando no ciclo de grandes eventos musicais, tal como sucede nas cidades mais desenvolvidas.
Questionado sobre quem era a rainha que lhe inspirou a criar “Caribean Queen”, uma das faixas mais ouvidas do seu gigante repertório, o artista respondeu apenas o seguinte: “just my wife” (apenas minha esposa). Mas, ainda assim (e com todo o respeito), é certo que ele é “rei” de muitas fãs. Parte delas estão em Moçambique. Com certeza, vão cuidar do rei da “Rainha do Caribe” como manda a regra de etiqueta e de bom senso. Afinal, os moçambicanos são acolhedores por excelência.
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Foi uma entrevista relativamente curta. De propósito, afinal, não podia esgotar todos os trunfos preparados para o espectáculo através deste meio. Ainda assim, notou-se um homem de família e preocupado com os seus seguidores, que há muitos anos vão acompanhando álbum a álbum (que não são poucos) e a sua trajectória partilhada com diversos povos pelo mundo.
Aos moçambicanos, o músico pede que se juntem à festa que terá lugar no Campus da UEM. Os bilhetes à venda desde o mês de Março já vislumbram a presença em massa do público deste concerto que conta com a realização da BDQ Concertos e com o alto patrocínio da Vodacom, BancAbc e a petrolífera Engen.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Casa do Império ditou as independências

A Texto Editores e a Associação dos Médicos Escritores e Artistas de Moçambique (AMEAM) publicaram recentemente o livro do Prof. Hélder Martins intitulado Casa dos Estudantes do Império, Subsídios para a História do seu período mais decisivo (1953 a 19619).
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Hélder Martins concentra a sua análise no período 1953-1961, que ele considera o período mais decisivo da vida da CEI e que ele viveu intensamente e onde teve uma participação activa. Porém, também se refere a alguns antecedentes deste período. A sua análise limita-se à Sede, pois foi aí a sua vivência. Este livro é um testemunho das suas memórias daquilo em que participou, mas também confrontou as suas memórias com as de outros, quetambém participaram na vida da CEI. Também fez uma intensa pesquisa bibliográfica. Este livro é o resultado de tudo isso. Sempre apoiado no rigor dos factos históricos, o autor desmistifica alguns mitos que se criaram à volta da CEI. “Aspecto inovador nessas análises feitas foi confrontar alguns mitos que davam uma ideia de geração fantástica, que se entregou à luta e são quase heróis. E que saíram como dirigentes da luta de libertação dos seus países. Isso foi resultado do saudosismo e emoção do momento. Mito é perigoso porque a juventude tem outros desafios. Em Moçambique temos os desafios da corrupção, nepotismo. Não vou falar das dívidas ocultas. Estamos num sistema que beneficia alguns. A exclusão social é vista na maioria dos moçambicanos. O mito perigoso deve ser desencorajado e combatido. A juventude tem de fazer algo para combater os problemas actuais. É preciso desfazer este mito. O autor analisa também a influência da CEI na luta de libertação de cada uma das ex-colónias portuguesas e conclui que foi em Moçambique que a influência da CEI, como escola de nacionalismo africano e de consolidação da consciência anticolonial, foi “Mito é perigoso porque a juventude tem outros desafios” menos intensa. “Havia pessoas na Casa que não queriam saber de política. Tínhamos carácter humano. Não éramos heróis. Essa ideia alfobre do colonialismo africano aparece em muitos documentos de que na Casa nasceram os dirigentes africanos. E que se não houvesse a casa do Império não haveria luta pela independência.
Imagem relacionadaMoçambique é o país com menos influência na Casa do Império. Houve em Angola. Faço análise de cada país como ninguém fez. O livro tem 260 páginas. E ninguém escreveu sobre a Casa dos Estudantes do Império com essas páginas em termos de quantidade. Mesmo as teses. Sobre a qualidade as pessoas dirão”, encaracola Hélder Martins. Neste livro, o autor utilizou as suas memórias de activista da CEI (Casa do Estudante do Império), mas sobretudo fez um importante trabalho de pesquisa histórica, o que lhe permitiu documentar o seu texto com muitas fotos e digitações de documentos, nomeadamente, com as digitalizações do Diário do Governo com as decisões administrativas sobre a CEI. “A história constrói-se com factos e depois a sua interpretação não pode fugir a esses factos.
Quando a PIDE fechou a Casa levou todos os documentos e não aparecem. Devem estar na
Torre do Tombo. Houve duas teses de doutoramento sobre a Casa na Itália e Portugal e trabalhos de jornalismo investigativo. O erro é que todos eles não foram consultar o Diários do Governo”, aponta Hélder Martins. O Prof. Hélder Martins revela neste livro a verdadeira data e circunstâncias da criação da CEI, bem como descreve a complicada luta para pôr fim à Primeira  Comissão Administrativa. O autor também põe em evidencia, com grande detalhe, o trabalho realizado pelas cinco direcções democraticamente eleitas pelos estudantes, entre Fevereiro de1957 e Dezembro de 1960. A sua aturada pesquisa histórica permitiu-lhe afirmar que nunca houve nenhuma decisão administrativa a legalizar o encerramento da CEI. 
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“Salazar deu ordem à PIDE para ir lá e que os ministros legalizariam as decisões. Não há uma decisão administrativa nem antes e depois sobre o encerramento. O estado fascista era bastante burocrata para dar legalidade. Nunca foi legalizado o encerramento da Casa dos Estudantes do Império. O Prof. Dr. Fernando Vaz é o único Presidente da comissão administrativa ainda vivo”, acrescenta. No prefácio do livro, o Prof. Dr. Fernando Vaz escreve: “este livro de memórias é o testemunho duma etapa histórica da vida de muitos estudantes, que das Colónias vinham para Portugal fazer  os estudos superiores”. “O Dr. Hélder Martins foi um aluno distinto e desenvolveu grande actividade política e associativa. Nesta obra não deixou ficar os seus créditos em mãos alheias!”. “Para a elaboração deste livro, o Dr. Hélder Martins recolheu contribuições de muitos colegas nossos, contemporâneos, pesquizou exaustivamente tudo o que se escreveu sobre a CEI, o que permitiu grande rigor histórico em todas as descrições que faz e, sobretudo, nas datas dos principais acontecimentos”, Grafa Fernando Vaz.

A.S

quinta-feira, 13 de julho de 2017

“Kabuebue”

Foto de Abix Candrinho.
O actor de teatro do Grupo de Teatro Retratista(GTR) de Quelimane está a fazer “furor” nas redes sociais, sobretudo facebook e youtube por causa das suas aparições em vídeos que tem vindo a produzir nos últimos tempos.

Trata-se de Abix Candrinho, jovem actor que tem brindado os seus fãs com trechos de vídeos de vários episódios da sua autoria.Abix, residente em Quelimane já tem mais de 400 seguidores e cada publicação que faz, os seus seguidores ficam atentos e procuram sempre interagir.

Foto de Abix Candrinho.Depois do recente vídeo sobre igreja, denominado “O impio” https://youtu.be/xNzA5Kv7QdM, que foi partilhado por milhares de pessoas, Abix Candrinho foi mais além e brindou os seus seguidores com mais uma sobre o valor de estudar onde ele(Abix) aparece na peça como o menino “Kabuebue”, um menino que tanto queria estudar mas que o avó nunca permitiu. Uma história emocionante que só vale pena seguir nas plataformas atrás mencionadas.Aliás, não é único sucesso deste jovem que faz parte dos Retratistas e cada dia que passa, o actor tem brindado os seus seguidores com inúmeras gargalhadas, mas todas mostrando a nossa realidade.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Tio Turutão!!!

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Era uma vez um menino que amava brincar ao telemóvel e não gostava de ouvir estórias e nem de brincar com outros meninos no quintal. Ele tinha uma avozinha, que gostava muito dele e que ficava triste ao ver o menino a “derreter o cérebro” em frente à telinha do aparelho electrónico. Preocupada, a velhinha decide contar ao menino a estória da sua infância. Juntos, avó e neto, embarcam para um passado não muito distante.E, foi com a encenação do retrato da infância moderna versus a infância antiga que os TP50 abriram o show de celebração do Dia Internacional da Criança e do lançamento do álbum “Rebricando um tributo ao tio Tirutão – o amigo das crianças”(foto à direita).
Jogar a “neca”, a “matacosana” e ao mbalelé; ouvir as estórias da vovó e aprender as palavras mágicas como “bom dia” e “obrigada”, é um cheirinho das coisas que os artistas do TP50 ofereceram as crianças e pais, num espectáculo cheio de cor e luz.A festa foi um momento de nostalgia para os adultos e de descoberta para a pequenada que não conhecia canções como “os dias da semana” e “marrabentinha”. 
Xixel langa, Hortêncio Langa e Roberto Chitsondzo são alguns dos músicos que deram a voz aos temas do tio Turutão e ensinaram a pequenada a poupar a água, a ser asseados e bem-comportada. Para estes, fazer parte do projecto não significou, apenas, realizar mais um trabalho, mas o cumprimento do seu dever de educar as crianças e sociedade através da música.
Resultado de imagem para António PristaO artista António Prista (antigo Director do Instituto de Educação Fisíca) revelou que a ideia de fazer um CD infantil surgiu no dia 1 de Junho, do ano passado, quando o grupo se apercebeu da ausência de músicas para crianças. Ao seu entender, o desenvolvimento cognitivo da criança deve-se a vários factores como o estímulo a imaginação e aos sentidos. E, artes desempenham um grande papel nesse processo. “As crianças devem ser contadas estórias, devem desenvolver o imaginário, ouvir música apropriada, pois, as referências educativas vêm, também, da arte” detalhou.Com o lançamento da iniciativa, o agrupamento espera ver a experiência replicada por outras pessoas. “O recado que deixamos para os pais, educadores e artistas é que façam música para a criança e apropriada à sua idade”, frisou.O show contou com a colaboração de mais de 50 artistas entre adultos e crianças. A produção do álbum, que contam com 15 faixas de músicas regravadas e originais, levou um ano.Tio Turutão é pseudónimo do falecido Ernesto Edgar de Santana Afonso, figura que se destacou nas décadas 70 e 80, na produção de programas na Rádio Moçambique. Durante a sua carreira, dinamizou a produção de teatro radiofónico e música infantil, tendo deixado como legado o álbum “Bons Sonhos”.Para o futuro, os TP50 esperam continuar a levar o espectáculo para mais crianças e, se possível, gravar um CD com temas infantis, anualmente (já está a ser idealizado com músico Fernando Luís).