segunda-feira, 27 de junho de 2016

“A cor dos bichos”

Resultado de imagem para calane da silvaMesmo depois de ter sofrido o assalto que lhe custou a perda de três obras inéditas – um romance e dois livros científicos –, que apenas aguardavam pela edição, Calane da Silva não descansa. Desta vez junta-se a Ana Paula Oliveira para uma aventura ao universo literário infantil.Trata-se da colectânea de contos intitulada “A cor dos bichos”. A obra criada em apenas dois meses aborda a natureza, no caso, os animais. Mas, segundo explicou o escritor, a natureza é aqui resgatada como um ensinamento “para sermos mais humanos, para sermos mais compreensivos em relação ao outro e, sobretudo, não olharmos às pessoas pela cor da pele, pela sua ideologia, pela sua maneira de estar e pensar. Temos que aceitar o outro como ele é”, daí que esse livro tem uma grande importância simbólica.
Outro dado interessante desta obra é que Calane da Silva e Ana Paula Oliveira, com patrocínio de uma instituição bancária do país, prescindiram dos direitos do autor. Por isso, serão distribuídas, numa primeira fase, três mil livros gratuitamente às escolas, esperando que o número cresça até seis mil exemplares.Este projecto não deixa de combinar com a iniciativa ligada ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, “Moçambique meu sonho”, no qual Calane e outros artistas fazem parte. Neste momento, foi lançado um concurso para melhorar a leitura, escrita e a capacidade de desenho de seis milhões de crianças. “Este lançamento que vai decorrer quinta-feira, na livraria centenária Minerva Central, em Maputo, está preocupado em colocar o livro às crianças nas escolas”, frisou o escritor.O co-autor não deixou de referenciar que este projecto é muito interessante para inspirar todos os autores a contribuir para que o livro chegue aos estudantes.
Ana Paula Oliveira estreia-se nas lides literárias em grande, ao lado do embondeiro da literatura moçambicana. Ao explicar como essa co-autoria nasceu, Calane disse apenas que o facto de serem amigos e por ter acreditado no seu talento pesou para essa colaboração.

Aliás, “no livro ela tem mais contos do que eu e nós não assinamos as estórias, dando a impressão que foi escrito por duas mãos. E isso é um outro tipo de parceria muito importante, não há aqui um ego inflamado, deixamos que o livro fluísse dessa maneira, também um facto muito interessante do ponto de vista literário”.Calane da Silva passeia por quase todos os géneros literários, mas com destaque aos livros investigativos linguístico-literária.Actualmente, o escritor explora uma área pouco abordada que é a Antropologia Espiritual. Mas ficou feliz quando num seminário internacional que aconteceu em Portugal, seu colega de painel falou sobre Ecologia Espiritual. “Isto quer dizer que estas matérias hoje já são do fórum académico e que a vanguarda dos universitários olha para este lado holístico e espiritual da própria ciência”, finalizou.