domingo, 24 de abril de 2016

Cintura tropical

O mau-tempo tardou o início do show, mas não estragou a festa da 5ª edição do Festival Tropical Zouk. Só às 20:15h os instrumentos soaram na pista do ATCM. E a banda Mozpipa teve a missão de abrir o concerto e chamar pelo público que já não aguentava com a demora. Mas o auge da festa deu-se com as performances de Messias Maricoa e Anselmo Ralph.O macua de apenas 22 anos estreou-se em grande, ao lado de Anselmo Ralph, com quem teve oportunidade de interagir e tirar fotos antes da actuação do angolano. Se medirmos a qualidade da performance pelo calor dos aplausos, diríamos que os artistas empataram.Maricoa cantou três músicas, mas parece que o público só tinha ouvidos para uma. Aliás, a cada verso dito vinha um “nhanhado” sei lá de onde. E quando chegou finalmente a hora da música, a azáfama contagiou o auditório. Para intensificar os ânimos, o jovem, inocente que é, foi medir a pulsação do público mais perto e quase que lhe retiravam o braço. As meninas puxaram-no, beijaram-no, choraram, gritaram e o jovem só escapou porque o socorro não tardou. Voltou ao palco, recomposto, e continuou a soltar as suas cordas vocais como mandam as normas. A música, como é comum em actuações ao vivo, foi alongada, mas parece que ninguém percebeu pois “a chama ainda estava acesa”.
Festival do Zouk 2016Já de Anselmo Ralph não se diz muita coisa. Por todos motivos… primeiro porque não é dúvida para ninguém que o angolano granjeia grande talento e, segundo, porque não é próprio do seu calcanhar decepcionar. E assim foi. Com a sua banda, comandou o palco por um tempo alargado. Cantou as músicas antigas e outras mais recentes. Do início ao fim, o público cantava com o rei do R&B que se abdicou desse estilo na noite de ontem, afinal, o dia exigia músicas passadas.   
Mas não é de se esquecer outras performances. Júlia Duarte carimbou a sua marca pela quinta vez. Desde que o festival existe nunca faltou. Desta vez mostrou os seus dotes de dançarina. Juntamente com o estilista Feliciano da Câmara, aventuraram na dança e aumentaram emoções.
Dos estrangeiros, Mika Mendes foi o primeiro a pisar o palco. Primeira vez em Maputo, porém actuação natural e recíproca com o público. Por isso, o artista considera o calor da plateia como um convite para brevemente voltar. Tropical Band e Lutchiana foram menos aplaudidos, contudo dançados. O zouk estava em alta nas suas actuações. Os dois colectivos transportavam-nos para o passado. Os antigos sucessos rebobinaram mentes de alguns expectadores que riscavam a pista com tamanha mestria nos pés.E o espectáculo estendeu-se noite adentro e só pela manhã Pérola subiu ao palco. Expulsou o sono que dominava a maioria e prendeu aqueles que esperavam por Damásio, quem só escalou o palco por volta das 9h00.Assim foi a 5ª edição do maior festim tropical que o país asiste há cinco anos, entre chuvas, vendavais e atrasos, porém com nota positiva do público.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Saia curta

Quando percebeu a investida do
homem ela lembrou-se dos
conselhos da mãe: Põe capulana
filha. O teu corpo de mulher,
minha filha, é como um país. Um
país não deve andar de saia curta,
a vulgarizar as suas riquezas, a
expor as cicatrizes íntimas. Há
estrangeiros sérios, que querem
parcerias sérias, também há
políticos sérios, mas se vêem um
país assim, de saia curta, vão se
aproveitar. Se todos os países
tivessem mães que lhes
aconselhassem nem haveria
guerras neste mundo, garanto-te.
Mas uma menina tem mãe para
aconselhá-la. Põe capulana minha
filha. Tapa as vergonhas. A honra
de uma mulher é como a paz de
um país. Deve ser bem guardada
debaixo das saias.
– Hiii!!!
Com o grito espremido das
vísceras, a menina retraiu o
ventre em sobressalto. As duas
mãos, com gestos gémeos,
repeliram as intenções do
homem. Uma no peito grisalho
empurrou-o, enquanto a outra
afastava a mão dele dali donde é
fragil a paz da adolescência.
– Não tenhas medo – convencia o
homem.
– Aqui é o futuro tio. Futuro não
se chega hoje. Só amanhã. –
Repetia de cor e salteado os
conselhos maternos. – Minha mãe
disse que aqui é a paz da mulher.
A paz deve permanecer virgem.
Estavam deitados, pareciam duas
linhas do horizonte sobrepostas.
Uma em alvorada e a outra
anoitecendo. Ele queria anoitecê-
la. Ela queria amanhecer-se nele.
Ele queria o escuro, o pecado,
sexo. Ela queria a luz, as flores, as
borboletas, beijinhos, como nas
telenovelas.
O escuro entrava devagarinho
pela janela. As bocas assobiavam
uma na outra. Só ouviam a
respiração um do outro. Nem a
voz infantil da menina a chamá-lo
“tio” lhe trouxe o pudor de ter
idade para lhe ser avô.
– Hiii, tio..
– Fica calma, não vai doer.
– Hiii, tenho medo. Minha mãe
disse que...
As portas e as janelas de uma
mulher abrem-se com promessas.
Acariciou-lhe as tranças do cabelo
e prometeu:
– Vou te comprar extensões.
Ela sorriu receptiva. O rosto
ganhou esplendor de pétalas. Era
uma menina de muitos recursos
naturais: no centro do corpo o
volume do quadril, e a norte as
manguinhas do peito, ainda que
verdes, mas já comestíveis, aos
olhos dele. Olhou para ela de cima
para baixo, de baixo para cima
contemplando as delicadezas
realçadas nos trajes adolescentes.
Sorveu o fio de baba que lhe
escorria pelo canto do lábio.
Deixou a mão seguir o percurso
das vontades. Partiu do sul, subiu
até o joelho. Devagarinho,
ensinando a vontade a não ter
pressa.
– Hiii, tio...
Fez outra promessa e ela mais
receptiva. O corpo tem códicos
complexos, precisa ser decifrado
lentamente. A mão subia para
baixo da saia curta. Começou a
pôr-lhe legendas no corpo,
desflorá-la das roupas. Passeava
pelas localidades da cocha tenra,
os planaltos do quadril farto, sem
pressa. Contornou-lhe o Inchope.
Passou pela Gorongosa traseira. A
flora da penugem adolescente. O
cheiro do mato. Chegou a
Muxúngue. A situação em
Muxúngue estava tensa, nervosa,
ela não o deixou entrar, de
joelhos colados um protegendo o
outro.
– Minha mãe disse que aqui é a
paz da mulher. A paz não deve
sangrar.
– Calma. Não dói nada.
– No Muxúngue não tio.
Uma última promessa escancarou
as licenças. Medo. Hesitação. O
hímen. A dor. Gemidos. Depois
gritos. Ai. Ui, devagar tio.
– Fica calma.
– Está a doer tio. Pára. Pára.
O coito é uma guerra entre
corpos. O cio é um exército. O
homem atacou-a grunhindo
prazeres. Emboscou-a com braços
e pernas. Investia com a bacia
movimentos bélicos. Desatou aos
tiros, tiros, tiros sobre ela.
Desarmou-a. No fim gargalhou,
arfando. Limpou o suor e o
sangue no corpo, nas mãos, nas
garras e nos dentes. Devolveu a
AKM à braguilha e foi-se embora
sem cumprir as promessas.
Desamparada e suja, o vento
soprava-lhe à memoria os
conselhos da mãe: O corpo é um
país onde não há democracia
minha filha. Por baixo das saias
está a paz da mulher. Põe
capulana filha. Soluçou prostrada.
Um rio de arrependimento
escorreu-lhe a face quando sentiu
que o corpo assim caído e
desonrado era um país no chão,
estuprado, usado, a sangrar pelo
Muxúngue.


Por Helder Faife

terça-feira, 19 de abril de 2016

Crise de Valores ou Valores dos Nossos Tempos

O estímulo para esta tentativa de discussão retribuo eu em primeiro plano a Paulina Chiziane, e ao meu encontro que tive com a sua última Obra.
De que é que se trata nesta, por vezes muito polémico e emocional debate a volta de valores? Eu gostaria imediatamente de apresentar uma exigência, que não trata de uma tese, é apenas uma simples provocação.
Vivemos imersos num mundo de rotinas e de hábitos. Vivemos fazendo coisas atrás de coisas; servimo-nos de todo o tipo de meios e de instrumentos para realizarmos as nossas acções. A vida no seu quotidiano é vivida como sucessão de coisas a fazer e, enquanto tudo vai correndo desta forma que automatizada, não surge a necessidade sobre ela.
Geralmente, não passamos a vida a dar voltas ao que nos convêm, ou não nos convêm fazer. E se quisermos ser sinceros, teremos que reconhecer que fazemos a maior parte dos nossos actos quase que automaticamente, sem nos preocuparmos demasiado com certos assuntos. Tomemos exemplo; queres fazer-me o favor de recordares comigo o que fizeste desde o despertar?!... E porque haveríamos de pensar sobre tudo que fizemos?!...
Sem medo de errar; a rotina e os hábitos são essências na vida; isso ninguém duvida. São tão importantes como o sono e, como estes, uma forma de descanso. No entanto, a vida não reduz ao fazer nem tem uma dimensão exclusivamente “executória” e, para além de fazermos o que temos que fazer, como pessoas temos também necessidades de satisfação, de sentir o sabor (prazer) da vida e de o sentir como algo que o preenche, que lhe causa bem-estar, que lhe proporcione a felicidade.
Então, numa palavra, ao homem não lhe basta viver, ele tem necessidades que a vida tenha sentido de viver uma vida com sentido. E, essa necessidade para que seja tão vital do que qualquer outro ponto de ausência de sentidos, o absurdo e o desespero poder culminar no suicídio.
 Porque a exigência de sentido da pergunta sobre os valores? Veja bem; a vida do homem não é ser vivida repetindo os padrões da espécie; é ele próprio. Ou seja, cada um de nós é quem deve viver. Sendo assim, o homem é o único animal que pode estar aborrecido, que pode estar enjoado, que pode sentir-se excluído.
Na verdade, o homem é um ser que não se resigna à insatisfação de uma vida sem sentido, tem sede de realizar suas ambições, em meio, se dispõe a lutar incessantemente por uma vida mais condigna, assumida e plena, mesmo que isso tenha de cortar com as amarras dos hábitos, do já pensado e das rotinas e de declarar guerra ao que, sob a forma de anónimo, do aparente natural e do impessoal, lhe corta, afinal, a criatividade, a liberdade, a vontade de se afirmar como alguém que tem palavra a dizer, que se quer fazer ouvir e que teima em cultivar uma relação de apreço pela autonomia e de respeito por si próprio.
É assim que, a insatisfação com todo que ocorre em nosso redor, e desestabilizadoras da sua relação habitual conduz à reflexão. Destarte, através da reflexão somos levados a dar novas configurações ao que nos rodeia, a rever ideias sobre as quais nunca tínhamos pensado, a reavaliar convicções sobre as quais nunca nos tinham surgido dúvidas.
Na verdade, o problema da reflexão só se põe como tal porque todo o desenvolvimento social, tende à desconcentração do ser humano para fora de si, procurando evidenciar a inutilidade da actividade reflexiva sobre qualquer das suas formas.
Será que valores são perenes? Ou seja, independente do tempo, espaço e dos seres humanos concretos que os realizam? Ou, pelo contrário, dependem das épocas dos homens e das culturas? De modo geral, existem defensores de uma e de outra posição.
Certamente, a questão permanece em aberto, e do mesmo modo, e se reflectirmos sobre os padrões morais das diferentes épocas e das diferentes sociedades chegamos às mesmas conclusões. Note-se que; ao descrevermos os valores não podemos esquecer nem o sujeito, nem o objecto nem o ideal que dirige a acção. De certo, estes três elementos são associados e nenhum se da sem os outros.  
Tanto que, os debates que se tem consumido na questão de saber qual dos três é o elemento mais importante revelam-se bastante acesos e por vezes com alguma inanidade sendo que; não podemos falar de valor em si. O dever de ser valor depende da relação que, numa situação, coloca um sujeito perante o objecto.
 Você vê, reconhecemos, no ponto anterior, a estreita dependência dos valores das épocas e das sociedades que os enraízam. Mas neste caso, urge perguntar qual a origem dos valores? Quais os motivos estão do seu surgimento?
Aí interrogamo-nos sobre a genealogia (origem) dos valores o que se pretende é, uma reflexão bem mais ampla, e, ambiciosa de discutir não a crise dos valores mas, muito mais que isso é a mutação (modificação); ou seja, não existe uma área da manifestação da actividade humana nos dias que hoje correm; passando pelas artes, mentalidades, cultura, nos costumes, na política enfim…as pessoas hoje estão passando por uma mutação radical isso, talvez puxado pela tecnociência (junção entre a imaginação e conhecimento).
Então, estamos agora em condições de compreender melhor o sentido da questão. Não existem uma moral universal, o que significa que os valores são relativos (que não é tomado em sentido absoluto) e cambiáveis como também estão pois ligados às condições de existência das pessoas, justificam as suas hierarquia e os seus mecanismos mudam quando essas condições de existência também mudam, uma vez que, os valores têm um sentido histórico/antropológico e não estão constituídos de uma vez por todas.
Sendo assim; qual pode ser o sentido deste desdobramento da questão em análise?
É já neste contexto que; a crise e crítica, tem origem comum no verbo grego que significa separar, escolher, julgar, decidir. O uso das palavras crino e crisis cedo invadiu a linguagem jurídica e por isso, crisi além de significar separação e disputa, designou também a decisão no sentido de uma sentença, de um juízo definitivo por Aristóteles, na política vinculou a ideia de estabelecimento e constituição e de ordem.
Desde Platão, verificou-se o uso da forma adjectiva ‘critica’, que referida à capacidade e à arte de decidir e de descobrir o juízo adequado, tendo ligado o seu sentido à ponderação dos argumentos «pró e contra» à actividade deliberativa.  
De modo que, a crise de valores significa que, os valores estão ser objecto de análise, estão sendo submetidos a uma espécie de tribunal ao qual competirá “julgar” os argumentos «pró e contra», para dai poder “decidir”sobre a sua adequação.
Destarte, a ordem e funcionamento das sociedades dependem desta avaliação, desta “deliberação” e é nesse sentido que podemos usar o termo crise. Ou seja, a crise não significa, assim, o anunciou de um estado de coisas escandalosas de dimensões épicas em que tudo se encontra completamente desencaminhado, quer nas instituições e nos valores. Mas, se prestarmos atenção ao seu sentido etimológico (origem) você vê, que a acepção desfruta na verdade um sentido positivo. Quer dizer, trata-se de uma reavaliação criadora e prospectiva (sobre futuro), de um momento de reformulação em que, se questionam adequação e o funcionamento de alguns modelos de convivência social, para dai melhora-los, reformula-los, ou, se necessário substitui-los por outros que se considerem ou, se julguem os melhores.
Então, a crise na verdade, não é sinónimo de desnorte mas, da busca racional (ponderado/sensato) de «pesados os prós e os contra» de orientação; não significa estagnação mas, é antes um pressuposto necessário de toda evolução (progresso).
Afirmar que vivemos em crise de valores, isto quer dizer que, os valores existentes são questionáveis, de modo a tornarem-se capazes de responder às nossas exigências da sociedade actual prenhe de incertezas. Nos casos os próprios bons, os homens distintos, os poderosos, os superiores que julgaram boas as suas acções isto é, estabelecendo esta nomenclatura por oposição a tudo o que é baixo, mesquinho, vulgar e, até vilão (desprezível).
Destarte, dada sua importância, importa compreender se os valores que nos sustentam hoje no país desenvolvem se, ou, se pelo contrário, atrofiam a sociedade? Adivinha agora você, a resposta a questão, se os valores são um factor de desenvolvimento ou de desdesenvolvimento ou, de atrofia da sociedade?
Você vê; uma análise profunda da nossa sociedade, monstra que de facto, a palavra crise parece ter-se instalado em todos campos da manifestação da actividade: ouve-se falar de crise na educação e no ensino, na crise das ideologias, na política e dos valores, na crise social e cultural, na crise ética e moral, na crise no funcionamento das instituições e sua liderança. Enfim… O problema não é mais conhecer o que é crise, mas, transformar essa crise através da transmutação de valores.
Naquele lugar, urge reanalisa-los e reformula-los esses valores ou, se necessário como diria Nietzsche, reinventar novos valores, que substituam com outros para que, se erga o individuo livre (criador) o Super-Homem como o chamar-lhe-á.
n/b: As más notícias são um facto nos dias que hoje correm no país. Você vê, cada vez que abrimos um jornal, ligamos a televisão ou o rádio, somos confrontados com informações tristes. Não há um só dia, que passe sem que nalguma parte do país, aconteça algo que todos consideramos como uma desgraça. Não importa de onde vimos nem qual é a nossa forma de pensar, todos nos sentimos tristes, uns mais, outros menos, quando ouvimos falar do sofrimento (dor) alheio, pela perda de pai, irmão, marido enfim... Nós moçambicanos todos, não podemos partir do princípio como acontece, que as pessoas não têm noção do bem e do mal (maniqueísmo) ou, do que é moralmente correcto, só porque alguns mentirosos se acham imortais.
Não é para faltar respeito. Uma pessoa que cumpre ordens sumárias de executar outra pessoa, acreditando que se trata de uma causa justa, supondo que essas acções são para o bem da sociedade, é simplesmente aterrador. Pelo contrário, de acordo com o princípio da não-violência, matar o outro é, por definição um acto contrária à ética.
Destarte, cumprir esse tipo de ordem é um comportamento extremamente negativo; uma vez que, o conteúdo das nossas acções também é importante para determinarmos se são moralmente correctas ou não e, certos actos como matar são negativos por definição.  
Na verdade, para que exista alguma esperança de resolver os nossos problemas temos de encontrar formas ou (meio-termo) de o fazermos. Temos de ter meios para escolher por exemplo, entre as matanças como meio de reforma política e os princípios de Nelson Mandela sobre a tolerância política.
Naquele lugar, devemos nós moçambicanos todos, poder transformar, que a violência para com os outros está errado. Do mesmo modo, não podemos discriminar entre o certo e errado se não tomarmos em linha de conta os sentimentos dos outros e, os seus sofrimentos. 
Pelas mesmas razões; a conservação da vida e todos moralistas, de que faço parte, condenam e proíbem o recurso ao homicídio (morte) como forma de resolução de divergências (desacordos). Na verdade, o homicídio é um crime grave contra a sociedade e contra Deus. Contra a sociedade, porque assim se priva do melhor da pessoa, que muito embora a vida seja cheia de sacrifícios, não só… mas também, porque lhe arranca um dos seus membros que lhe poderia ser útil; finalmente, contra Deus, porque o homem, ao executar (matar) o outro arvora-se num direito que não tem, visto que só Deus é o senhor da vida.
Destarte, somos chamados todos nós mocambicanos, a usar da temperança, isto é, moderarmos os nossos impulsos das tendências sensíveis e não as satisfazer senão na medida em que, são conforme à razão.
Do mesmo modo, a conservação da vida e todos moralistas, condenam e proíbem, qualquer tipo de agressão mais ou menos grave, que ponha em perigo a vida ou mesmo a saúde do próximo. Exceptuando os casos de legítima defesa, quando agredidos pudermos salvar a nossa vida, senão sacrificando a vida do agressor.
O duelo ou combates com arma em punho, para ferir ou matar. O duelo ou combate com arma em punho, encerra a maldade e a morte. A mutilação, ou a privação de um membro de corpo; esta só é legítima, quando se trata de operações cirúrgicas para bem do todo.
Em último lugar, a conservação da vida e todos moralistas, condenam a calúnia, maledicência, a injúria e tudo o que possa subtrair a honra e a boa reputação do próximo. 
Muito Obrigado.
(Por Capitão Manuel Bernardo Gondola)










Beleza infinita do povo

Resultado de imagem para Mário MacilauO fotografo moçambicano Mário Macilau participa na cidade de São Paulo, Brasil, numa residência artística, promovida pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).Macilau toma parte desta residência artística a convite da entidade organizadora da mesma, e é uma continuação de vários trabalhos que tem estado a desenvolver no ramo da fotografia com aquele país latino-americano.
Aliás, a propósito deste fotógrafo moçambicano, o músico e escritor brasileiro, Chico Buarque, entende que “as fotografias de Mário Macilau carregam a beleza invisível e infinita do seu povo que por vezes não nos sujeitamos a ela devido ao nosso ego que nos limita a transcender o limite desconhecido.” 
Para Mário Macilau “trata-se de uma residência muito importante e com uma história muito relevante por estar na responsabilidade de uma instituição de ensino médio e superior no Brasil, a FAAP, uma entidade importante e com diversos departamentos, mas o que a mim mais me interessa é o das artes visuais que eles têm e é claro, outras também que tem uma ligação visível ou não”.Mário Macilau acredita que através deste encontro “vou estabelecer contacto directo com professores e alunos, aliás, tenho a responsabilidade de organizar palestras, workshops, estudos abertos e dar aulas”, realçou.
Na residência artística de São Paulo, Mário Macilau vai falar de Moçambique; suas realidades e gentes “vou partilhar experiências sobre o país e representar o mesmo positivamente, claro, não há caminhos para esquivar-me da realidade que atravessamos nos dias de hoje”. Entretanto, a fonte acrescenta que ”é meu dever falar da arte e dos bons artistas que temos no país, falar da nossa cultura é uma necessidade e encontrar pontos comuns uma vez que Moçambique e Brasil tem mais ou menos uma história similar e falamos a mesma língua oficial”.A Residência Artística é uma visão contemporânea das antigas bolsas de viagens. São projectos que têm como objectivo principal servir de residência temporária para artistas estrangeiros.

Agruras e crueldades

O padre diocesano José Luzia Gonçalves lança, (19 de Abril) a obra “Manuel Vieira Pinto, Visionário de Nampula”. A cerimónia de lançamento terá lugar nas instalações do Centro Cultural Português, em Maputo.
Publicado com a chancela das Paulinas, o livro descreve o per­curso do Arcebispo D. Manuel Vieira Pinto, que serviu a Dioce­se de Nampula durante 34 anos (1967-2001) demonstrando-se, desde o início, como um zeloso pastor defensor dos mais pobres e dos inalienáveis direitos do povo moçambicano.Na sequência da homilia “Re­pensar a Guerra” (na altura a guerra colonial) e da publicação de “Um imperativo de Consciên­cia”, o Arcebispo Vieira Pinto acabaria por ser expulso de Mo­çambique pelo governo, no Do­mingo de Páscoa de 1974, a 14 de Abril.Regressado a Moçambique em Janeiro de 1975, viveu as ale­grias da Independência deste novo país soberano. Empenhou­-se, com os seus missionários e demais cristãos, na obra da re­construção nacional e, depois, angustiou-se com as agruras e as crueldades da guerra civil de 16 anos.

Museu digital

O Kugoma - Fórum de Ci­nema de Curta-Metra­gem - vai para a sua séti­ma edição. O evento a acontecer em Setembro deste ano vai des­tacar, entre outras actividades, a apresentação do Projecto Museu do Cinema Online, com uma ex­posição temporária e uma série de mesas redondas.Os objectivos gerais deste pro­jecto são a criação de uma enti­dade dedicada à investigação, pesquisa e divulgação/comuni­cação sobre a História do Cine­ma em Moçambique, que se ca­racteriza, actualmente por uma dispersão dos dados.A equipa, constituída pelos parceiros KUGOMA conta com voluntários, estudantes do ISArC e académicos que dão apoio na formulação teórica deste novo conceito de museu. Será, em Moçambique, a primeira expe­riência de criação de um museu digital. O trabalho já iniciou. Durante os meses de Abril a Ju­nho vai proceder-se à recolha e gravação de entrevistas para a constituição de um acervo de História Oral e a realização de um Inventário de Colecções, em diversas instituições, que serão depois organizadas numa base de dados e em timeline, numa aplicação para dispositivos mó­veis.