quinta-feira, 14 de março de 2013

Teatro oprimido


CELEBRA-SE este sábado, 16 de Março, o Dia Internacional de Teatro do Oprimido, data que marca ainda o aniversário natalício de Augusto Boal, criador do método. Boal, dramaturgo, director e pesquisador de teatro, nasceu no Rio de Janeiro em 1931, tendo falecido a 2 de Maio de 2009.O método por ele criado procura lutar contra todas as formas de opressão, desenvolvendo a favor dos explorados e oprimidos, um teatro de cunho político, libertário e transformador.O Teatro do Oprimido, tem como pretensão primordial, transformar o espectador, que assume uma forma passiva diante do teatro aristotélico ou convencional, em sujeito activo, criador e transformador da acção dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, passe de espectador a protagonista e transformador da situação dramática.A ideia central é que o espectador ensaie em cena a sua própria revolução sem ter que delegar a sua situação de oprimido aos personagens. Desta forma consciencializa-se da sua autonomia diante dos factos quotidianos, refina e define suas estratégias de intervenção na vida real e caminha firme em direcção a sua real liberdade.  Em Moçambique o Teatro do Oprimido existe há 13 anos, movimentando centenas de praticantes, envolvidos em muitas frentes de desenvolvimento do país, desde a educação, saúde, cidadania e governação, criança, mulher, meio ambiente e gestão do risco de calamidades de entre outras frentes de acção, criando oportunidades de interactividade comunitária na abordagem dos diferentes temas. Entretanto, para celebrar a data, estão previsto para próximo sábado, 16 de Março, diversas actividades nas principais cidades capitais e vilas sede distritais do país, sendo que a principal cerimónia está marcada para a vila-sede do distrito de Marracuene, onde está programado um “Road Show”, que contará com participação de diversos grupos de teatro oriundos dos distritos de Chibuto, Bilene, Namaacha, Inharrime e Jangamo, bem como actuação de artistas de outras modalidades culturais, como poesia, dança, música, humor, entre outras.
Destaque vai para a exposição “Ser Humano no Lixo” resultado das oficinas de estética do oprimido realizadas o ano passado, eventos durante os quais inúmeras obras de arte, cenografia, adereços e utensílios vários foram produzidos pelos participantes com recurso a material reciclado e ou reaproveitado. De referir que a celebração marcará a abertura oficial das actividades 2013 do GTO-Maputo e de todos grupos teatrais associados a RETEC - Rede Moçambicana de Teatro Comunitário. Os festejos do dia do Teatro do Oprimido acontecem numa altura em que o Grupo de Teatro de Oprimido de Maputo (GTO-Maputo) busca meios para superar o drama provocado pelas inundações de Janeiro passado. A sede da agremiação foi grandemente assolada pelas chuvas torrenciais caídas em Janeiro último, na cidade de Maputo, destruindo todo o património, documentos e arquivos, afectando sobremaneira a capacidade de seguir em frente. Com efeito, segundo Alvim Cossa, coordenador do GTO-Maputo, a celebração da data natalícia de Augusto Boal e do Dia do Teatro do Oprimido, marcará para todos os fazedores desta modalidade um momento de ressurgimento. “Queremos neste momento de festa, manifestar nossa gratidão a todas pessoas de boa fé, que se solidarizaram com nossa organização, enviando sua palavra de fortalecimento e conforto bem como diversos materiais e equipamentos que hoje nos permitem de viva voz, dizer mais uma vez. Estamos aqui prontos para a marcha”. O GTO-Maputo comemora a 16 de Julho próximo, 13 anos de sua existência, feito que também assinala 13 anos de introdução da metodologia no nosso país.
O Teatro do Oprimido é praticado em Moçambique de forma sistematizada e organizada desde 2001 quando regressa da formação no Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro o Curinga moçambicano Alvim Cossa, beneficiário do programa de bolsas ASHBERG da UNESCO destinado a intercâmbio e formação de artistas dos países do terceiro Mundo. Referir que o GTO-Maputo, está em actividade um pouco por todo território nacional, congregando pouco mais de 120 grupos de teatro em 93 distritos, actuando na Mobilização Social em diferentes frentes como a Saúde, Educação, Ambiente, Governação e Cidadania, Acesso a Informação e Prestação de contas, Direitos da Criança, Mulher de entre outras áreas de interesse comunitário. O GTO-Maputo é referência nacional e internacional em Teatro do Oprimido, estando a desenvolver parcerias e pesquisas conjuntas com instituições de renome internacional como a USC University of Southern California, FORMAAT da Holanda, Projecto Kuringa de Berlim e P´thotom da Espanha.





Dudlu jazz


O Moçambicano Jimmy Dludlu, os norte-americanos Kirk Whalum, Norman Brown, Jill Scott, a brasileira Céu e a orquestra cubana Buena Vista Social Club são algumas das atracções da edição deste ano do Festival Internacional de Jazz da Cidade do Cabo, que terá lugar a 5 e 6 de Abril naquela cidade sul-africana. Jimmy Dludlu quer fazer desta (mais uma) aparição numa produção que ele bem conhece um dos pontos altos da sua carreira, ao gravar aquele que será o seu primeiro DVD ao vivo que irá editar. O guitarrista nascido no Chamanculo mas que se consagrou na África do Sul e principalmente depois de ser formar na Universidade da Cidade do Cabo irá percorrer toda a sua carreira no espectáculo que ali irá gravar. O Festival Internacional de Jazz da Cidade do Cabo irá rodar a sua 14ª edição. Esta realização foi crescendo em qualidade e reputação e atingiu o estatuto de quarto maior festival de jazz no mundo, deixando para trás outros de projecção internacional como o de Montreaux, na Suíça. A atracção de artistas de renome no panorama mundial do jazz, para além das excelentes condições de produção, faz do festival do Cabo um verdadeiro atractivo para fãs deste estilo de música na região e não só. Do nosso país, muitos são os que vão dar à Cidade do Cabo todos os anos para o festival de jazz. Por estratégia, o festival do Cabo escolheu levar a actuar em cada edição 40 artistas sul-africanos, de África e de outras partes do mundo. Este ano, podcem ser considerados “hilights” nomes como os norte-americanos Kirk Whalum, Noman Brown e Ricky Brown (que actuarão juntos, sendo que Kirk também apresentará o seu projecto num outro espectáculo durante o festival), Jack Dejohnette, Ravi Coltraine e Matt Garrison (também actuando como trio), Jill Scott, os cubanos Buena Vista Social Club, o espanhol Chano Domingos, o senegalês Cheikh Lô, entre outros, juntam-se a uma gama de artistas locais que irão fazer deste festival um dos mais marcantes.
Da prata da casa pode-se mencionar artistas como Thandizwa Mazwai, os reunificados Mafikizolo, Errol Dyers, MiCasa ou Zonke Dikana.