Há quem diga que o tratamento que nos é dispensado na infância influencia a nossa personalidade e atitudes quando adultos. Rahima é a prova disso. Foi sempre mimada pelo pai, e hoje replica o gesto para com…a música. Nascida na cidade de Maputo, Rahima Ezequiel Munjaga entra no mundo da música no longíquo ano de 1999. Foi à beira do “fim do mundo” que começou a dar vida a uma paixão que sempre existiu no seu íntimo, influenciada por Dianne Reeves e Celine Dion, ambas cantoras norte-americanas, e pela mítica banda moçambicana RM. Em tão pouco tempo, já actuava além-fronteiras, o que, de certa forma, certifica a sua imensa qualidade. Por exemplo, no ano de 2001, fez algumas digressões pela Europa, tendo participado em alguns festivais de música. Igualmente, passou parte da sua vida na vizinha África do Sul, fazendo música e sempre exaltando o amor, que é a sua marca. “Falo muito de amor. À semelhança do meu pai, sou uma romântica nata, mas o estilo é afro jazz”, revela a cantora, que foi muito influenciada pelo pai, igualmente um “romântico nato” e dono de uma grande compilação de discos de vinil com que se deliciava em casa.
“É bom sair da rotina” Apesar de ter o afro jazz como “BI” musical, Rahima gosta de navegar em outros mares e fazer troca de experiência com outros músicos. É uma forma de “sair da rotina”, que é boa para experimentar “outras energias”. Essas experiências ajudam-na a ser uma cantora cada vez mais completa, o que ficou demonstrado no álbum “Wirapangue”. “É um título que amo muito. Esse nome também será o título do meu futuro projecto em outras artes, cada letra desta palavra tem um significado para mim”, conta Rahima, para quem as misturas de ritmos diluem a identidade dos artistas e projectam a música para outros mundos. “Assistimos e ouvimos, hoje em dia, vários ritmos musicais misturados com ritmos de outros países, e, em algum momento, intitulamos essa mesma música ‘produto nacional’, o que não está errado, pois aí já entra de acordo com a minha resposta: ‘música não tem fronteiras”. “Tenho outras habilidades” Os músicos moçambicanos estão há mais de um ano a fazer uma espécie de travessia no deserto, dado que os espectáculos, que são a principal fonte de receitas, estão interditos. Rahima assume estar afectada, tal como “todos os músicos”, mas não sucumbe, graças a outras valências que possui.
“Tenho outras habilidades que me ajudam a contornar a
situação da pandemia”, vincou a fonte. De resto, antes da pandemia já era
difícil a vida dos músicos em Moçambique, por conta das deficiências que
caracterizam o ambiente musical. Seja como for, Rahima prefere ver o lado
positivo, que tem que ver com o facto de hoje a situação estar muito melhor.
“Agradeço a Deus pelos momentos que Moçambique está a passar culturalmente. Nós
começámos em momentos bem difíceis, em que para se assistir a um festival,
fazer-se um concerto, ter empresas a injectar na cultura, em artistas e por aí
em diante era difícil. Só víamos isso nos Estados Unidos da América, através da
Rahima televisão. Hoje tudo mudou”, referiu. Para já, o principal desafio que
Rahima aponta tem que ver com a capitalização da música, através de pagamento
de direitos autorais, “algo que ainda é muito desconhecido no nosso meio, mas
esta ferramenta fez com que grandes países estivessem culturalmente
industrializados e que a música assim como outras manifestações culturais
humanas estivessem no nível em que estão”.
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