
Na quarta-feira, o
Presidente brasileiro deu a entender que não assinará o diploma do Prémio
Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, afirmando aos
jornalistas que assinaria «até 31 de dezembro de 2026», data que remete para o
final de um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022.

Comentando o
sucedido, Mia Couto começou por «saudar» a resposta do músico e escritor,
considerando-a «genial», afirmando de seguida a sua intenção de contactar os
«colegas que foram Prémio Camões» para fazerem uma «declaração conjunta
contra a imbecilidade desse tipo de atitude».
«Soube hoje
[desse episódio], e a minha ideia é - como eu não posso fazer isso sozinho -
pedir ao secretariado do Prémio Camões que me dê os contactos das pessoas de
maneira que a gente tenha uma postura conjunta». A justificação do escritor é
não só a «ligação muito particular» que tem com Chico Buarque, mas
sobretudo o sentir que «é o Prémio Camões que está a ser agredido, a liberdade
de criar». «Ficarmos calados seria uma coisa inaceitável, por isso vou
telefonar a saber se o secretariado do Prémio Camões me pode ajudar a
contactar, e fazermos um manifesto conjunto contra isso», reiterou.
A este
propósito, Mia Couto lamentou a situação política e cultural vivida atualmente
no Brasil, país de onde regressou recentemente e onde foi distinguido com o
título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. «Eu venho do
Brasil e venho muito preocupado com essa subida de tom do lado autoritário da
censura, a maneira como os livros estão a ser retirados das escolas, uma coisa
completamente anti-ética. Não é só o Bolsonaro, estava ali um Brasil fabricado
pela igrejas evangélicas, de que não dávamos conta», afirmou à Lusa.
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