
O tumulo de Zinthambira localiza-se no povoado de Folofia, a 10km da vila de Ulóngue. Zinthambira foi um régulo da dinastia Nguni, um grupo étnico que emigrou para se fixar na zona de Angónia,Provincia de Tete, Moçambique.Era um grupo guerreiro que lutou contra outras etnias moçambicanas e contra a ocupação dos Portugueses
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
À boleia do moto-táxi
Durante
a madrugada, o sono teimava em não dormir. Liguei o notebook e vi a última meia
hora de “Bukowski – Born Into This”, e fiquei, como o lobo cachaceiro, a
repetir “Why are you so mean to me”, como se me não bastasse a saudade talhada
nas paredes brancas do quarto da casa de hóspedes.
Deixei
para trás a enorme escola secundária e trepei um outro moto-táxi em direcção à
Universidade Católica local. A estrada era de saibro e fazia uma poeira danada.
A Milena, que estudara comigo em Maputo, coordena o departamento de
administração pública. Ela surgiu quarenta minutos depois (sim, eu tinha muito
tempo e estivera a ler), mais forte do que eu me lembrava, com os lábios da cor
de beterraba e um “cabelo humano” longo e liso. Depois de cerca de uma hora de
conversa e mesmo na porta de saída da sala dos professores, notei um enorme
cartaz que estabelecia os trajes e a aparência para os estudantes. Policiamento
do decoro! Um dos pontos definia: “É proibido o cabelo despenteado…”. Brinquei:
“Assim como o meu?”, a Milena sorriu, “Sim, aqui tu não estudarias”.
(Pereira Lopes)
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Mais falantes de emakhuwa do que portugês
O Emakhuwa,
língua materna nas províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia,
continua a ser a mais falada em Moçambique com 5,8 milhões de falantes. A
língua oficial no nosso país, o português, é falado por 3,6 milhões de
moçambicanos. Continuam a aumentar os falantes do Emakhuwa em Moçambique os
4.134.294 recenseados em 2007 aumentaram para 5.813.083 em 2017 sendo que
grande parte, de acordo com Instituto Nacional de Estatística (INE), são
crianças com 5 a 9 anos de idade, 1.296.694. De acordo com os académicos Armindo
Ngunga e Osvaldo G. Faquir esta língua materna tem 14 variantes. Na Provínicia
de Nampula existe o Emakhuwa falado na cidade-capital e seus arredores,
nomeadamente, Mecubúri, Muecate, Meconta, parte de Murrupula, Mogovolas, parte
de Ribáwe e Lalawa; a variante Enahara, falada nos distritos de Mossuril, Ilha
de Moçambique, Nacala-Porto, Nacala-a-Velha e parte de Memba; a variante
Esaaka, falada nos distritos de Eráti, Nacarôa e parte de Memba; a variante
Esankaci, falada em algumas zonas do distrito de Angoche; a variante Emarevoni,
falada em partes dos distritos de Moma e Mogincual; e a variante Elomwe, falada
nos distritos de Malema, parcialmente nos distritos de parte de Ribáwè,
Murrupula e Moma.
Na Província de Cabo-Delgado as variantes são Emeetto falada
nos distritos de Montepuez, Balama, Namuno, Pemba, Ancuabe, Quissanga, parte
dos distritos de Meluco, Macomia e Mocimboa da Praia; e a variante Esaaka
falada nos distritos de Chiúre e Mecúfi. As variantes da Provínicia do Niassa
são Exirima, falada nos distritos Metarica e Cuamba; a Emakhuwa falada nos
distritos de Mecanhelas, Cuamba, Maúa, Nipepe, Metarica e parte do distrito de
Mandimba; e a Emeetto falada nos distritos de Marupa e Maúa.
Já na Província
da Zambézia existem as variantes Emakhuwa falada em Pebane; a variante Elomwe
falada em Gurue, Gilé, Alto Molócue e Ile; e ainda a variante Emarevoni falado
numa parte de Pebane.

Entretanto o IV
Recenseamento Geral da População e Habitação mostra que os falantes de
português também estão a aumentar, terceira língua mais falada em 1997, atrás
do Xichangana, falam a língua oficial 3.686.890 moçambicanos, mais do dobro que
em 2007 quando eram 1.750.806. Das 47 línguas moçambicanas consideradas
maternas destaca-se ainda o Xichangana com 1.919.217 falantes, seguida pelo
Cinyanja com 1.790.831 falantes, Cisena com 1.578.164 falantes.
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
Essa história está diferente

Na quarta-feira, o
Presidente brasileiro deu a entender que não assinará o diploma do Prémio
Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, afirmando aos
jornalistas que assinaria «até 31 de dezembro de 2026», data que remete para o
final de um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022.

Comentando o
sucedido, Mia Couto começou por «saudar» a resposta do músico e escritor,
considerando-a «genial», afirmando de seguida a sua intenção de contactar os
«colegas que foram Prémio Camões» para fazerem uma «declaração conjunta
contra a imbecilidade desse tipo de atitude».
«Soube hoje
[desse episódio], e a minha ideia é - como eu não posso fazer isso sozinho -
pedir ao secretariado do Prémio Camões que me dê os contactos das pessoas de
maneira que a gente tenha uma postura conjunta». A justificação do escritor é
não só a «ligação muito particular» que tem com Chico Buarque, mas
sobretudo o sentir que «é o Prémio Camões que está a ser agredido, a liberdade
de criar». «Ficarmos calados seria uma coisa inaceitável, por isso vou
telefonar a saber se o secretariado do Prémio Camões me pode ajudar a
contactar, e fazermos um manifesto conjunto contra isso», reiterou.
A este
propósito, Mia Couto lamentou a situação política e cultural vivida atualmente
no Brasil, país de onde regressou recentemente e onde foi distinguido com o
título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. «Eu venho do
Brasil e venho muito preocupado com essa subida de tom do lado autoritário da
censura, a maneira como os livros estão a ser retirados das escolas, uma coisa
completamente anti-ética. Não é só o Bolsonaro, estava ali um Brasil fabricado
pela igrejas evangélicas, de que não dávamos conta», afirmou à Lusa.
Assinar:
Postagens (Atom)