sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Preto no Branco

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Moçambique perdeu a 11 de Agosto de 2012 um dos seus jornalistas de referência, com a morte de Kon Nam, 72 anos, uma figura dos momentos decisivos da actividade, no país, da época colonial ao multipartidarismo, passando pelo período revolucionário pós-independência.
Resultado de imagem para kok namO trabalho de Kok Nam foi eternizado em um livro. A obra foi publicada pela editora Marimbique. As imagens contam o percurso histórico deste fotojornalista. Mas não é só de fotografias que o livro Preto no Branco é preenchido, existem nele relatos de individualidades que directas ou indirectamente estão ligadas ao percurso do nosso fotógrafo. Delas destacamos Alves Gomes, Calane da Silva, Graça Machel, Luís Cabaço, Luís Bernardo Honwana, Mota Lopes, Nelma Saúte, Patrícia Haye entre outros.Com cerca de 88 páginas, o livro traz a interpretação do trabalho deste fotógrafo que marcou pelo seu trabalho e jeito característico de ser.
“De trato fácil, incrivelmente jovial, cultivando sempre a modéstia e a humildade, os seus colegas e amigos guardam dele um grande sentido de profissionalismo e rigor, a defesa tenaz da integridade e dos princípios”, descreve um comunicado enviado pelo mediacoop no dia da morte de Nam.
O seu acervo fotográfico, espalhado pelos quatro continentes, é um dos mais importantes bancos de imagem disponíveis sobre Moçambique. Gomes é o coordenador do livro, além desta função, a família de Kok lhe deu função: “Sou responsável por preservar o espólio (arquivo de fotografias) de Kok Nam”. Alves Gomes têm de classificar as fotografias e fazer o registo na SOMAS, mas as recordações retardam o seu trabalho. “Sempre que vejo as fotografias, é complicado ele foi para mim um amigo, vem-me recordações, fico horas a reviver aqueles momentos”.
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Para que este espolia existisse, foi vital o papel da Arquivista Narcézia Massango. “Trabalhei na Revista Tempo como Arquivista. Ajudei a conservar boa parte das fotografias de Kok Nom, mas algumas perderam-se com as transformações, mudanças de edifício, que a revista passou”.
Kok Nam é filho de imigrantes camponeses da província chinesa de Cantão. Nasceu em 1939 em Lourenço Marques, actual Maputo. Aos 17 anos iniciou-se como jornalista. Nos anos 1960 passou de órgãos (Diário de Moçambique e Voz Africana) tentavam furar o muro de silêncio colonial. 
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Na década 1970 esteve na fundação da revista Tempo o berço de uma geração de jornalistas inconformistas. Com um currículo invejável, já publicou no Expresso (Portugal) e no "The New York Times" (Estados Unidos da América).
Durante o período revolucionário, «dominado pelo partido único, a Frelimo», permaneceu na “Tempo”. Em 1990, sua casa, foi redigido o manuscrito do documento "O direito do povo à Informação", exigindo a liberdade de imprensa como um direito constitucional.
Em 1991 com os seus colegas Naita Ussene, Fernando Manuel e António Elias (já falecido) criou a Mediacoop, então uma cooperativa, que lançou o diário por fax Mediafax e o semanário Savana, de que era director desde 1994 até a sua morte em 11 de Agosto 2012. Em reconhecimento a sua verticalidade Kok Nam é até hoje director emérito do Semanário Savana.

Para além da facilidade em manejar a máquina fotográfica, Kok Nam tinha outro talento. “O panela, como era chamado, comia que era uma maravilha. Bom cozinheiro, os seus dotes culinário eram uma da sua marca” recorda Calane num tom sorridente. Kok Nam deixou dois filhos, a Ana Michelle e o Nuno Miguel e um legado no fotojornalismo nacional.

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