sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Alavanca cultural

A cidade dinamarquesa de Aarhus, a segunda cidade intelectual e cultural deste país, foi considerada a capital europeia da cultura 2017. É nesta cidade onde reside o músico Gimo Remane Mendes, antigo integrante da emblemática banda Eyuphuro. “É a cidade onde sempre vivi e trabalho na escola de música já há 21 anos (saiu vencedora e reconhecida a nível da Europa como a Capital Europeia todo o ano de 2017), naturalmente, trabalhando com o Conselho Municipal local como estrutura política que tem a responsabilidade de orientar a sociedade em termos de actividades culturais e outros serviços”, explica o músico Gimo Remane Mendes.
Resultado de imagem para Gimo Remane Mendes dinamarcaGimo Remane foi apresentado como um músico e professor oriundo de Moçambique. “Na abertura do ano, é normal a escola de música, que é propriedade do Estado, fazê-lo com alguns cânticos na sala nobre com toda a estrutura da Província. Desta vez, fui eu que tive a honra e o privilégio de ser apresentado com um compositor e cantor de Moçambique. Isso é bom para Moçambique, se o país souber aproveitar esta oportunidade para a criação de um intercâmbio a vários níveis. Espero que o ministério de tutela e os responsáveis pelo desenvolvimento da cultura moçambicana saibam aproveitar este tipo de oportunidade e abertura para lançar o país culturalmente além-fronteira”, frisa Gimo Remane. O músico considera que as boas relações criadas durante os 21 anos que se encontra a residir na Dinamarca, aliadas à entrega do governo de Moçambique, iriam sortir bons efeitos a todos os níveis. “Tenho muitos bons contactos que poderiam dar vantagens ao país em termos de turismo, cultura, desporto e outros negócios”, frisa o músico. Gimo Remane considera que o governo tem de ser mais eficaz na procura de parcerias que visam o desenvolvimento cultural. “Mas é necessário que sejamos bons pescadores. O nosso governo deviainvestir em alguns artistas e intelectuais na diáspora a fim destes se sentirem assistidos e aconchegados”, aponta o músico. O manancial cultural nacional é uma alavanca para que o país seja reconhecido a nível mundial, entretanto, não é devidamente aproveitado pelas estruturas competentes. “Moçambique é uma relíquia, mas não basta a diplomacia político-cultural para dar outros efeitos”, remata. O músico comentou sobre as notícias acerca da tensão político-militar que se faz sentir no país. “É lamentável a situação que o país está a viver. Custou-nos muito alcançarmos a paz. A guerra destruiu o país, em várias vertentes, que até hoje as feridas ainda não sararam. Agora, ouvir que o país está a voltar àquele cenário triste que vivemos num passado recente, é preocupante.Esperamos que as partes envolvidas tenham sensibilidade para resolver a situação do país”, apela. Os artistas e a sociedade civil moçambicana têm de mostrar a sua indignação face à situação que o país  vive. “Os artistas devem desempenhar o seu papel, apresentando o seu posicionamento perante o ambiente que se vive em Moçambique. 
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É nestes momentos que os artistas devem apelar mais para a questão da reconciliação. Em tempos, o artista sabia desempenhar o seu papel na sociedade, mas, actualmente, a situação é diferente, parece que estão indiferentes. Os artistas são as figuras que dão voz à sociedade. É preciso ter isso em mente. Saber cumprir o seu papel do desenvolvimento da sociedade. Não é uma tarefa fácil. Mas é preciso enfrentar os obstáculos e cumprir o seu dever perante a sociedade em que vive”, remata. A.S

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