sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Palavras guiadas

Louvo as iniciativas de promover os festivais de teatro que vão acontecendo um pouco em algumas das nossas cidades. É bom para os fazedores desta nobre arte; é bom para os espectadores àvidos de espectáculos no palco; representado pelo actor genial pela actriz espectacular. Tenho tido a oportunidade de vêr o trabalho de alguns grupos de teatro amador, tenho até trabalhado com alguns actores desses grupos; e os resultados que tenho colhido dessa experiência são em geral os mesmos: dicção dificiente, desconhecimento de pontuação e fraca projeção de voz.
Ora, sem harmonia destes elementos, colocamos em causa o resultado que se pretende numa peça de teatro. Quando o actor sobe ao palco para representar deve ter em conta, que o público o quer ouvir bem e perceber a “clareza da dicção’’; que o público quer sentir a pontuação, para  penetrar no diálogo que decorre entre os actores “palavras - guias’’; que o espectador sentado na última fila da sala, o quer compreender “projeção clara da voz”.
No teatro, a interpretação verbal constitui sempre a base do trabalho do actor, por importante que seja a interpretação plástica, visto que a finalidade de toda a actuação é dar vida à palavra do autor da obra(dramaturgo). A interpretação verbal exige como fundamento um correcto pronunciar da frase e uma clara dicção. O primeiro consiste em aprender a ler de acordo com o sentido da frase e tão claramente que nada do que é dito se perca. Cada frase encerra uma imagem que lhe dá sentido. Esta imagem pode ser representada por uma só palavra ou por um conjunto de palavras a que chamaremos “palavras-guias”.
Ao dizer a frase, temos que marcar o acento, como é lógico, nestas palavras-guias, concentrando nelas a atenção, embora sem aumentar o volume de voz. Ao tentar ler o diálogo de acordo com o sentido notaremos logo que a pontuação gramatical fixada pelo dramaturgo não corresponde, geralmente, ao modo natural de dizer a frase. Isso obriga-nos a fixar certas regras de entoação que para o actor experimentado se convertem em hábito. A entoação da frase determina-se precisamente por meio de pausas da mais variada duração. Deste modo, a pausa pode ser um brevíssimo instante, como também  pode atingir uma longa duração com o fim de efectuar uma “transição”. A pausa, em suma, ordena a frase e serve também para respirar. Respira-se sempre depois de terminar definitivamente uma ideia. Se a frase é longa, procurar-se-á para respirar o momento adequado e lógico.
Podemos estabelecer as seguintes regras para a entoação da frase em relação com a pontoação gramatical.
A vírgula não significa, forçosamente, uma pausa breve. Em muitos casos deve ignonorar-se; o ponto e vírgula podem significar uma pausa breve assim como uma pausa prolongada. Teremos de defini-la de acordo com o sentido; O ponto não significa necessariamente que se baixe a voz.(Adelino Branquinho)

Nenhum comentário:

Postar um comentário