Langa é um dos apelidos da família moçambicana e está associada a grandes
nomes, em vários níveis, inclusive artísticos. Só uma família é capaz de servir
como exemplo, claro, a família Langa. Aqui encontrámos Hortêncio, um nome
sobejamente reconhecido no panorama musical. Fora das suas rédeas como pai, os
seus quatro filhos – Dário, Texito, Xixel e Josué – seguiram o mesmo destino.Desta
família, interessa-nos debruçar sobre a única menina que hoje soma 33 anos e,
como boa filha que é, deu de presente a Hortêncio um casal de netos. Mas não é
pela idade e pelos filhos que Xixel merece a nossa atenção. É, sim, pelo seu
terceiro “bebé”: “Inside me” (Dentro de mim).Embora não seja um bebé como os
outros dois, Xixel trata esta graça com o mesmo carinho. Disponível desde
Novembro, “Inside me” é a primeira aventura discográfica da cantora que celebra
15 anos de estrada a solo e mais cinco como corista em vários projectos
musicais.O álbum não traz outra pessoa senão a mesma Xisseve Janett Hortêncio
Ernesto Langa, tal como está gravado na sua documentação.
Aliás, quem quiser
conhecer a cantora com profundidade tem que mergulhar “inside” nela. “O meu
primeiro álbum é mesmo uma introdução ao que eu sou, como se fosse um exame de
admissão. Depois, próximos álbuns serão como cadeira a defender”, metaforizou a
artista.Quanto ao conteúdo, há de tudo, afinal, Xixel é uma artista plural.
Nestas 14 faixas de afro-jazz (ritmo que explora com todas as paixões), traz
uma “mensagem vasta: desde a crença num ser Todo-poderoso, ao amor, à luta pela
vida de qualquer forma, e até mesmo à violência doméstica”, afirmou. É, Xixel
conta neste álbum as suas estórias (que não são poucas), mas, ao mesmo tempo,
não deixam de ser do quotidiano dos moçambicanos.O CD ainda não foi lançado
oficialmente.
A artista pensa numa pomposa apresentação, digna de um trabalho
de qualidade e feito com amor, mas não quis avançar quaisquer detalhes a
respeito. Enquanto isso, convida aos seus fãs que saboreiem as músicas, pois o
CD está disponível na internet e nalguns pontos da cidade de Maputo.
Entretanto, não deixa de ser ela mesma o melhor ponto.“Eu compus as músicas,
assim como participei da co-produção do mesmo, estive dentro dos arranjos e
tudo mais...”, esta é uma voz de quem não é apenas dona de uma voz linda e
suave, mas de quem transpirou e deu tudo para este acontecimento. Já que a
música não é de todo uma actividade solitária em dois temas teve a colaboração
do Vintani Nafassi (préstimos em língua makonde) e D’Manyissa na faixa “Ubuya
hi kwini”, que por sinal ganhou algumas mexidas.Todo o álbum foi gravado na
vizinha África do Sul, onde Xixel esteve radicada por cinco anos (de 2006 à
2011). Logo é claro o motivo da cantora ter andado em três estúdios de Cape
Town a registar as suas criações naquele país que acolhe muitos músicos
moçambicanos e não só.
Ainda que não justificasse, mas como a perguntamos:
“gravei na África do Sul porque, para mim, foi o local onde solidifiquei minha
profissão de artista/músico e lá aprendi a seriedade da vida de um músico, no
que diz respeito ao bom desempenho, pontualidade, seriedade, respeito, etc.”,
mas não só (mesmo não sendo pouco), “África do Sul oferece todas condições que
eu necessito para me realizar artisticamente, mesmo não precisando viver por
lá”, acrescentou.“A minha realização foi graças à minha atitude e exigência de
alguns admiradores”, confessou. E é desta forma que “quero mostrar ao mundo,
como vejo a música, e de que maneira pode ela ser explorada e sentida”, porém,
o seu trabalho não termina aqui. Pretende, nos próximos tempos, “mostrar ao
mundo o meu produto e conceito de música. Álbum pra mim é uma defesa, em que a
teoria é música”.Porque o amor é a tónica deste trabalho, Xixel Langa tem uma
novidade para agraciar os namorados na celebração do São Valetim. Quem comprar
dois CD tem direito a batom e lipgloss, já com cinco CD ganha um perfume e
esmalte.
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