Guitarrista,
cantor e compositor, Jonathan Butler é um músico sul-africano que já conquistou
o mundo, e que acredita que no mundo da música o dom e o trabalho é que
contam.
51 anos de
idade, 20 álbuns e ainda continua a irradiar energia.
Qual é a
fonte?É inspiração. A música, a vida e a minha família são fontes de
inspiração. Portanto, é de onde obtenho tudo.
Começou a
carreira com 7, 8 anos de idade. Como recorda esses momentos?Quer que levemos
todo dia ou quer que terminemos rapidamente? A minha família era toda de
músicos. Fui abençoado em estar numa casa cheia de música. Quando tinha 6 ou 7
anos de idade comecei a cantar em casa. E quando a minha família descobriu que podia
cantar, colocaram-me em carnavais, grupos corais, cabaret e bandas. Sem que
disso me apercebesse, já era um sucesso na Cidade do Cabo e Durban. Mas
profissionalmente comecei quando me juntei ao Golden City Dixies, pois nessa
altura viajava em tourné pela África do Sul, Namíbia, Zimbabwe, já com 7 anos
de idade. Com 12 fiz a minha primeira gravação e desde então não paro de viajar
e gravar.
Com essa
idade tinha noção do que estava a fazer?Eu sabia que queria ser músico. Sabia
disso, estava dentro de mim. Deus sabe desde o ventre de uma mãe o que serás. E
Deus sabia que eu seria músico.
Com 12 anos
de idade foi o primeiro negro que passou a música numa rádio no regime do
Aphartheid. Como se sentiu?Senti-me feliz. Mas é isso o que a música faz. A música
quebra barreiras e todas as regras. Ajuda as pessoas a entenderem e a ficarem
conscientes.
Que impacto
isso teve para os negros que ouviram a sua música a passar na rádio?Penso que
foi um momento de orgulho, porque antes disso escutávamos Stevie Wonder,
Jackson Five, Elvis e The Beatles. Então, escutar os irmãos locais, como Miriam
Makeba e Hugh Masekela era um orgulho.
Sente que
foi um rapaz de sorte quando repara a sua trajectória?Não acredito na sorte,
mas sim no trabalho árduo e no dom. Tive muita preparação e prática. Estar no
lugar certo, na hora certa, também é importante.
A sua música
é, às vezes, classificada como R&B, Fusion ou Gospel. Que música toca?É
música do mundo. Não posso deixar de olhar como música do mundo porque sou uma
fusão de todos os tipos de cultura. Hoje estou em Maputo, amanhã na Nigéria e
depois no Brasil. Sou influenciado por muitos estilos musicais, mas o gospel é
verdadeiramente a maior parte do que sou. É por ser o meu chamado, o meu
ministério. Está para além do entretenimento. É tocar a vida das pessoas. É
ministrar para as pessoas palavras de coragem, esperança, fé e crença. É isso o
que gospel é: boas notícias.
Que
sensações experimentou ao gravar o primeiro álbum?Foi muito excitante! Ouvir na
rádio pela primeira vez foi o momento mais excitante de toda a minha vida.
Sei que o
seu calendário é muito apertado. Como gere, para não esquecer a família?Passas
o tempo, quando fazes o tempo, estás presente. Tens que garantir que estás
presente. Não podes dizer vamos ao parque, quando estás ao telefone. Passo
momentos prazerosos com a minha família a todo momento, mesmo estando em Maputo
e ela em Los Angeles, estou sempre conectado.
Por que é
que deixou a África do Sul?Não foi sequer uma questão do porquê. Tive uma
oportunidade de ir a Londres assinar com JIVE US, e ver o resultado do que
podia ser nessa viagem. Fui para lá como compositor e escrevi muitas canções
para Millie Jackson, Tom Jones, Al Jarreau, George Benson, Bill Ocean, e etc. E
como escritor de músicas desenvolvi minhas próprias gravações.
Onde se
sente mais confortável?Sinto-me mais confortável onde a minha família estiver,
em Los Angeles. Todos os músicos que gosto estão lá.
Este é o seu
momento da carreira mais brilhante?Sinto-me como se estivesse ainda a crescer.
Sinto que sou o melhor no que estou a ouvir na minha cabeça. Sinto que estou
musicalmente num bom lugar, porque crio constantemente.
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