terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“NZUNZI”

O nosso país como não anda a dormir está atento aos progressos, à evolução das artes e dá primazia e reconhecimento à produção artística que enobrece a nossa moçambicanidade, enaltece e também reconhece os artistas que mesmo que em contra-mão, fazem chegar ao Norte a qualidade artística das nossas criações, a nossa diversidade, a nossa moçambicanidade, enfim, a nossa personalidade de Povo que sabe hastear a sua bandeira no mundo global e ser parte desse mundo por direito.
Assim, o FUNDAC, Fundo para o Desenvolvimento das Artes e Cultura, ao longo da sua existência já consagrou várias obras de dança contemporânea, coincidentemente, todos eles saídos da mesma escola, senão vejamos: primeiro foi Maria Helena Pinto com a obra “Tempestade” que foi galardoada com Prémio Consagração e curiosamente a mesma obra concorreu para as competições de “África em Creation”, onde apesar dos aplausos e do reconhecimento público e de certa crítica referir como a coreografia que apresentava maior qualidade artística e com bailarinos de alto nível técnico, para o júri a peça pecava por exltar e representar de uma forma profunda e sem deixar margens a criatividade africana feita por uma coreógrafa que dominava mais do que os membros do júri o vocabulário da dança contemporânea europeia, mas que ela preferira usar esse manancial do conhecimento para enriquecer o seu acervo cultural e mostrar ao mundo que o artista e a sua arte pode ser igual a qualquer um deste mundo. Este foi o erro, porque queriam que ela repetisse em papel químico aquilo que lhe ensinaram.
Depois seguiu Pérola Jaime, com a obra “Eros em Xipadja”, que conquistou Prémio Revelação, a mesma artista estimulada e encorajada pela crítica voltou anos depois a amealhar o Prémio Consagração com a peça “Khapula Mulher”.
Quem também teve dois prémios foi o jovem Virgílio Sitole o primeiro, Menção Honrosa e o segundo Consagração com as coreografias “A Morte de Ximatana” e “Por Tí, Mestre”, respectivamente.
Estes prémios atribuídos pela mais prestigiosa instituição vocacionada ao apoio financeiro das artes em Moçambique FUNDAC, são resultado de um trabalho bastante selectivo e criterioso de um juri constituído por altas figuras das Artes do nosso país como a Maria Luisa Mugalela, Directora da Escola Nacional de Dança, Manuela Soeiro, Directora do Mutumbela GOGO, Lindo Lhongo, o decano do teatro em Moçambique, Maria José Sacur, directora da academia “Dança para Ti” e antiga primeira bailarina da CNCD, na altura também chamada de “Pavlova” de Moçambique.
Estas obras não só mereceram a distinção do FUNDAC bem como tiveram um acolhimento público invulgar na dança contemporânea bem como uma boa recessão de crítica pelos medias locais, o que comprova de que uma outra tendência de dança contemporânea pode conviver e até impor-se internacionalmente com o carimbo de “Made In Mozambique”.
Hoje, 20 anos depois, dou me por feliz por ver este grande movimento a alargar se e a ter um reconhecimento internacional e, por outro lado, por conviver pacificamente com um outro grande movimento de resgate do nosso património cultural, preservando a cultura e as tradições das diferentes comunidades moçambicanas, divulgando o rico e diversificado património cultural do país, colocando-o ao serviço da sociedade e do progresso.
Dou me igualmente por feliz por ver que a instituição de que fui co-fundador e dirigente durante muitos anos, soube combinar as duas vertentes de dança, tornando-se um caso único de sucesso no mundo.
Por aquilo que a mim me toca, tenho o orgulho de exibir como estandartes desta arte, desde o falecido Augusto Cuvilas, que deve ser sempre lembrado quando se falar da dança contemporânea em Moçambique, da Maria Helena Pinto, hoje com uma Academia própria, do Virgílio Sithole, que para além de bailarino e coreógrafo que se identifica com a dança contemporânea genuinamente africana, é o único crítico credenciado na matéria e mantém uma página semanal no jornal “O País” intitulado “Letras Coreográficas”.
Pérola Jaime por coincidência criou a sua primeira coreografia “Imagens” no Projecto “Nova Visão” e 20 anos depois coreografou “Dançando com a Chuva” de Eduardo White.
Para os organizadores do “Kinani”, para todos os artistas que se empenham na “Nova Visão” “Nova Formulação”, “Nova Estruturação”, “Nova Linguagem”, “Nova filosofia”, até a “Nova Historiografia” das tendências contemporâneas com marca “Made In Mozambique” a luta continua em prol do desenvolvimento das artes e cultura, em particular da dança em Moçambique.

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